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Uma vida a desenhar Guimarães

Vítor Oliveira
Opinião \ sábado, setembro 30, 2023
© Direitos reservados
Esteve quatro décadas e meia no serviço público. No início deste mês de outubro, termina uma relação profissional. Que mais se assemelha a uma vida…

Já se podia ter reformado há quatro anos. Legalmente, podia! Mas não quis. Não nascendo em Guimarães, tornou-se vimaranense e preferiu continuar a servir Guimarães, até atingir a idade limite com a qual lhe permite manter-se em funções públicas: 70 anos! Que completa no próximo dia 08 de outubro.

Para o arquiteto Miguel Frazão, a inimaginável semana que se segue, será, pois, a última de atividade profissional na Câmara Municipal de Guimarães, onde entrou a 31 de julho de 1979! Foram quatro décadas e meia em prol do serviço público, depois de ter estado um ano em Lisboa a dar aulas no Liceu Pedro Nunes.

O toque de entrada na sala, por viver mesmo ao lado da escola, era o convite sonoro para sair da sua habitação. E entrar, logo instantes depois, na casa do ensino.

Chegou a Guimarães quando o autor desta crónica tinha somente… três meses de vida! O Presidente da época, António Xavier, convidou-o para trabalhar no Departamento de Serviços Urbanos, onde está atualmente.

Pelo meio, exerceu outras funções, tendo coordenado o PDM, agora através de um convite dirigido por António Magalhães. O instrumento de planeamento urbanístico, preparado entre 1992 e 1994, entrou em vigor em tempo recorde, tendo chegado a ser considerado o melhor PDM do Norte do país.

Passou a coordenar o Centro Histórico, missão que abraçou por duas vezes. Pessoa próxima de Fernando Távora, encetou com a equipa de arquitetos o objetivo de classificar o património vimaranense como bem cultural da Humanidade.

Na cidade, também deixa marcas da sua autoria. A reabilitação do Jardim do Carmo, que requereu muitas horas suplementares de trabalho, é um exemplo. A regeneração do Largo Conde Arnoso, perto do Campo da Feira, concedeu à urbe um novo espaço citadino, tal como sucedeu com o largo onde se encontram as estátuas de São Gualter e São Francisco ou com a praça contígua ao edifício da Câmara, cujo trabalho partilhou com Távora.

Poder-se-ia falar, ainda, das imensas obras projetadas para os territórios das freguesias, com os edifícios das Juntas de Selho S. Jorge (Pevidém) ou de Atães como duas referências, entre tantas outras.

No tecido associativo de Guimarães, foi um dos sete fundadores da associação Muralha, sendo atualmente o Presidente da Assembleia, cargo que exerce também no CCD – Centro de Cultura e Desporto dos Trabalhadores do Município.

Esteve dois mandatos na Direção do Cineclube de Guimarães e é Vice-Presidente da Sociedade Martins Sarmento, da Turipenha e da Turitermas, nas Taipas. E há 30 anos é, igualmente, um rosto indissociável da organização das Festas Gualterianas, após ter aceitado o desafio proposto por Alberto Oliveira, pai do autor desta crónica.  

Miguel Frazão, agora, termina a sua mais longa maratona profissional. Termina, não acaba! Porque a ligação afetiva, essa, manter-se-á! Como um cordão umbilical. Ou como aqueles projetos que ganham raízes. E que ficam na memória.

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