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Um Negroni em Florença

Paulo Mateus
Opinião \ quinta-feira, junho 13, 2024
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E como diz o ditado “Um Negroni por dia, não sabe o bem que lhe fazia”. Não é assim o ditado, mas não faz mal.

Já nesta página mensal mencionei o Negroni como a minha bebida de excelência para um pôr do sol ou para uma saída à noite. Não há mesmo melhor ou se há ainda não descobri.

Quis o destino que o mês passado fosse em trabalho a Florença, cidade de grandes artistas, arquitetos, cientistas, escritores, políticos. Uma Florença medieval e renascentista brota em cada esquina. Leonardo da Vinci, Michangelo, Dante, Maquiavel, a família dos Médicis, tornaram Florença no epicentro da cultura e da arte na Europa.

Passear por Florença, é reviver a história, é cruzarmos a cada esquina com um Negroni numa mesa das muitas esplanadas espalhadas pela cidade. Mas qual a relação de Florença com o Negroni?

Reza a história que este famoso cocktail italiano servido pelo mundo inteiro e que tem na sua composição Gin, Vermute e Campari, acompanhado por um pedaço ou casca de laranja, que além de decorar, acrescenta um sabor cítrico. Florença não é apenas o berço do Renascimento, mas também do Negroni, que nasceu nesta cidade, em 1919 pelas mãos de Fosco Scarselli, barman do Caffé Casoni (1815) e idealizado a pedido do Conde Camillo Negroni, cliente habitual e que cansado de um cocktail então na moda, o Americano (cocktail mais doce que combina Campari, Vermute tinto e água com gás), pediu ao barman que criasse algo mais forte.

Então, Scarselli trocou a água com gás por Gin e estava criado um dos mais famosos cocktails do mundo e o Conde Camillo deu o seu nome à bebida.

Claro que não podia deixar Florença sem provar “il vero Negroni”. Depois de uma tarde caminhando pelas ruas cheias de turistas, lá fui eu ao final de tarde, feliz e contente, ao Caffè Giacosa (assim se chama hoje o antigo Caffé Casoni), que funciona em anexo a uma loja de Roberto Cavalli.

Sentei-me num sofá de pele comida pelo tempo e pedi o dito, afinal Negroni nasceu ali, e a casa serve uma receita impecável. O cocktail estava perfeito, com a sua cor vermelha, forte e potente, com o seu típico sabor amargo cortado pelo doce da laranja. Para acompanhar, o barman serviu-me uma taça de azeitonas, e regou com um pouco de Gin. Que divina a combinação.

Não podia ter final de tarde mais completo, estar em Florença a beber a minha bebida favorita, no Caffé onde foi criada. Uma vermelha e amarga perfeição.

Mas não podia acabar este texto, sem referir outra surpresa. Dias depois de Florença, fui a Londres, e estava eu num dos meus restaurantes de eleição naquela cidade o “Lisboeta”, quando o barman me sugere um Ginginha Negroni, uma criação que substitui o vermute por ginginha. Se a comida de o “Lisboeta” já merece uma visita, este novo Negroni conquistou-me. Gostei, mas o original ainda é único.

E como diz o ditado “Um Negroni por dia, não sabe o bem que lhe fazia”. Não é assim o ditado, mas não faz mal.

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