"Make Guimarães Great Again"
Foram recentemente publicados os resultados preliminares dos Censos 2021. De acordo com estes primeiros dados, o município de Guimarães perdeu 1236 habitantes relativamente aos Censos de 2011, passando de 158.088 para 156.852 habitantes.
Se a diminuição da população é até inferior à verificada no País (1,9% contra 0,8% em Guimarães), se compararmos com os resultados dos maiores municípios vizinhos (Braga e Famalicão) e adicionarmos o comportamento de outros indicadores, chegaremos facilmente à conclusão de que o nosso município está a perder terreno. Senão vejamos:
Guimarães tem menos 1236 habitantes do que nos Censos de 2011, mas já tinha perdido 1468 residentes entre 2001 a 2011, pelo que tem menos 2704 habitantes do que em 2001 (perdeu 1,69% da sua população nos últimos 20 anos). No mesmo período, Braga ganhou 29.000 novos habitantes e Famalicão, cerca de 6.000.
Em 2013, Guimarães estava no 8º lugar dos municípios mais exportadores do país, mas até 2019 desceu 2 lugares, ocupando agora a 10ª posição, tendo sido ultrapassada por Braga (que passa do 12º para o 4º lugar), tendo Famalicão mantido o 3º lugar. Já o rendimento médio por habitante em Guimarães é inferior à média nacional, posicionando-se no 134º lugar num total de 308 concelhos. Braga ou Famalicão ocupam o 54º e 74º lugar, respetivamente.
Observa-se claramente uma deterioração nos indicadores económicos e demográficos de Guimarães, exigindo-se a adoção urgente de uma estratégia de inversão de tendência, visando tornar o nosso concelho mais atrativo para o investimento e consequentemente, para a fixação de negócios e de pessoas.
Num momento em que tanto se fala, no âmbito do PRR, das agendas mobilizadoras para a inovação empresarial que criem estratégias conjuntas de desenvolvimento sectorial, porque não adaptar esta abordagem às cidades ou concelhos? Não poderia a Câmara de Guimarães ser um agente mobilizador, envolvendo empresas, escolas e associações empresarias com o objetivo de potenciar os fatores diferenciadores do nosso tecido económico, criando um ambiente propício à fixação de empresas e de jovens qualificados e à melhoria da qualidade de vida global da nossa população? Os principais vetores poderiam ser, entre outros:
- A promoção de Guimarães como destino de eleição para a fixação de empresas, alicerçando-a num estudo prévio que identificasse qual o tipo de empresas / indústrias que mais poderiam beneficiar da nossa localização e que melhor poderiam aproveitar e capitalizar o nosso know how acumulado nas indústrias tradicionais;
- Fomentar a criação de base de dados com uma oferta diversificada de imóveis disponíveis para as empresas que queiram fixar-se em Guimarães, antecipando as suas necessidades, e permitindo um processo de licenciamento e de arranque da operação mais célere;
- Formar um gabinete de apoio às empresas, que por um lado, promova Guimarães como localização privilegiada, mas que por outro, auxilie as empresas que se queiram fixar no concelho, ao nível do licenciamento, informando-as dos benefícios fiscais de que poderão usufruir, disponibilizando-lhes uma bolsa de fornecedores / parceiros locais, e em articulação com o IEFP e com as escolas de formação, facilitando o acesso e a contratação de recursos humanos disponíveis e dos possíveis incentivos à sua contratação;
- Utilização de todos os meios ao dispor do município no sentido de reduzir o preço de habitação e de aumentar a oferta disponível, permitindo aos trabalhadores das empresas que se fixem no concelho, residir em Guimarães;
E por último, atuar no sentido de se criar uma oferta formativa especializada, que vá de encontro às necessidades das empresas.
É preciso “Tornar Guimarães Great Again”.
Nota: artigo de opinião publicado na edição #05 do Jornal de Guimarães em Revista, lançada a 13 de agosto de 2021