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Guimarães e a “Bazuca Europeia"

Eduardo Fontão
Opinião \ sexta-feira, abril 23, 2021
© Direitos reservados
Dizia-me há tempos um amigo, orgulhoso Vimaranense, que o nosso bairrismo é si­multaneamente a nossa maior virtude e o nosso maior defeito.

Virtude, porque o amor que nu­trimos pela nossa cidade faz-nos preservar cada um dos seus canti­nhos como se fosse efectivamente nosso, enaltecendo-A sempre de forma apaixonada. O nosso maior defeito, porque, por vezes, ine­briados pela sua beleza e impo­nência histórica, adormecemos à sombra das glórias do passado, e deixamo-nos ultrapassar por outras cidades, com condições menos vantajosas à partida.

Vem isto a propósito da tão falada “bazuca” Europeia – o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) - que em conjunto com as verbas do PT2030, colocará ao dispor do país, entre 2021 e 2030, cerca de 50 a 60 mil milhões de euros, uma verba entre 25% a 30 % do PIB (só o PRR representa cerca de 14 mil milhões de euros).

Ora, os mais variados quadran­tes da economia, as associações sectoriais, bem como as diver­sas regiões e municípios come­çam já a acotovelar-se para as­segurarem a “pole position”, no acesso a uma fatia, do enorme bolo que já está a sair do forno.

Ainda na semana passada, o “Correio do Minho” noticiava a constituição da Associação Em­presarial do Minho, cujo objec­tivo, nas palavras do presidente da comissão instaladora são: de­fender “objectivos estratégicos para a região”, nomeadamente a reclamação de mais apoios ao tecido empresarial. Dinami­zando “actividades, programas, plataformas e redes que facili­tem a transição energética e a transição digital”. Mais alinha­do com os objectivos estratégi­cos do PRR seria difícil.

E o tecido empresarial Vima­ranense? Estará organizado e a posicionar-se para aceder a es­tes fundos europeus, que cons­tituem uma oportunidade única para a transformação das em­presas, tornando-as mais susten­táveis, mais amigas do ambiente e ao mesmo tempo incrementan­do a sua produtividade através da transição digital?

Não existe em Guimarães, uma associação que agregue os in­teresses de todo o seu universo empresarial. Mesmo a ACIG (já extinta), sempre teve um pendor muito mais comercial - no senti­do de apoio ao comércio tradicio­nal - do que de apoio à indústria e ao sector dos serviços. O que é difícil de compreender, num concelho com uma indústria pujante e fortemente exportado­ra. De acordo com dados do INE para o ano de 2019, Guimarães é o 10º município exportador do país, com um volume de exporta­ções de 1,4 mil milhões de euros. Note-se que em 2013, ocupava a 8ª posição, tendo sido ultrapas­sada por Braga (que passa do 12º para o 4º lugar) e pela Maia.

Não será este o momento para os empresários Vimaranenses unirem esforços, criando uma associação que defenda os seus interesses comuns, nomeada­mente através da definição de uma estratégia alinhada com os conteúdos programáticos do PRR e do PT2030, dotando as­sim as empresas do concelho de uma plataforma única, que as apoie no acesso aos fundos europeus, de que a economia Portuguesa irá beneficiar na próxima década?

A união faz a força.

Nota: Artigo publicado originalmente na edição 1 do Jornal de Guimarães em Revista, em abril 2021.

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