Autoconfiança
Não ter medo de parecer burro é a melhor fórmula para deixar de o ser. Fazer as perguntas que arriscam a queda no ridículo, obtendo assim a informação que permite alimentar o conhecimento. É uma questão de autoconfiança.
Por outro lado, a insegurança de quem gosta de parecer inteligente. Esse complexo que obriga indivíduos a memorizar informação para, dada a oportunidade, transmiti-la a alguém que não pediu para a receber. Preparam o momento de brilhantismo que sustenta o personagem, mas nem por isso a autoconfiança. Na verdade, esta não vive de aparências. Não surge do autoincentivo nem da personalidade. Emerge das provas que cada um dá a si próprio e ao mundo acerca daquilo que acredita e diz ser, sem exagerar nessa demonstração porque, lá está, tem autoconfiança para tal. O segredo, que parece impossível para a maioria, é evitar tentar parecer mais do que se é. Dessa forma torna-se complicado, e é um problema sério.
A falta de autoconfiança faz com que se queira agradar a todos. Transformou a simpatia numa mania moderna, por uma perturbação social que nasce da recusa em avaliar o bem e o mal. Em rejeitar fazê-lo por receio do conceito de rejeição. Essa recusa denuncia-se no excesso de curiosidade que faz querer experimentar tudo sem aprofundar nada. Evitar rejeições por falta de autoconfiança. Fugir das obsessões por medo de não se ser bom o suficiente.
É pelo amor-próprio que se dá o ímpeto de nutrir a autoconfiança que permite temer cada vez menos a rejeição, tornando cada um invencível. Insuperável. Livre. Com força para enfrentar o mundo sem medo do silêncio. De uma integridade ao ponto de ser capaz de se aplaudir e congratular sem necessidade de validação externa, com a autoconfiança que permite valorizar a vida, e o momento. Nesse ponto, essa pessoa segura-se por algo mais forte; alicerces indestrutíveis que não dependem de outros, sustentados por algo que poucos entenderão, mas com capacidade para desvalorizar esse julgamento. A partir desse estado de graça, quando se aprende a contar consigo próprio, ninguém derruba alguém assim. Não vale a pena tentar.
Mas nada nesta vida é oferecido, e até isso tem um custo. Existe uma balança, uma força que faz com que tudo se pague de alguma forma. E ninguém escapa. Não existe esse mito de que alguém ganha alguma coisa, de que se safa de alguma forma. Nem sequer importa se essa força é religiosa ou metafísica, não importa no que cada um acredita para a justificar. É algo superior. Mas que não há nada sem sacrifício, disso estou certo. Às vezes pode não ser óbvio, nem visível a olho nu, mas está lá.