Quer mudança? Voto útil na AD é obrigação
A ideia de voto útil já teve mais adeptos e apoiantes: hoje é vista com laivos de desprezo pelo comum dos eleitores. É, aliás, encarada como uma forma viciada de potenciar e garantir uma putativa alternância formal no poder. No fundo, o voto útil só garante um sistema bipartidário, em que o partido A alterna com o partido B no exercício do poder, ao longo do tempo. Num ecossistema bipartidário em fadiga e em ostensiva crise, surgiu um rasgo de inovação: o multipartidarismo foi deixando a sua marca no sistema eleitoral e a fragmentação virou regra e não exceção.
No plano teórico, esta democracia capilar, logo plural, e complexa, é mais rica e, até, mais genuína e sofisticada. E, em boa e justa verdade, tudo corria bem no melhor dos mundos, quando surge uma entropia que tudo altera. De facto, o conceito de Erwin Schrodinger de neguentropia (contrária à entropia identificada no segundo princípio da termodinâmica) não teve, neste campo, confirmação científica. Afinal, tal como no sistema da realidade física, também no mundo da política a propensão é para a desordem e não para a ordem.
A entropia de que falo é a força hegemónica em que se transformou o Partido Socialista: as eleições deixaram de ser disputadas entre iguais. Em justa verdade, a grosseira ascendência e preponderância do PS (seja na colonização de todo o tipo de poderes, seja no plano cultural e mediático) foi geradora e indutora da viciação do processo democrático. Duas provas fumegantes do que digo: (i) é publica e notória a violação grosseira do princípio da meritocracia na escolha das pessoas que ocupam os cargos mais importantes da nação (João Galamba, como exemplo cristalino); (ii) o sentimento, no limite do orgulho, de impunidade e de atrevimento puro face a atos de sua responsabilidade que são tornados públicos e que são geradores de vergonha alheia (José Sócrates, como imagem máxima disso mesmo). O PS de hoje não é o mesmo de Mário Soares: neste havia uma ética de serviço público e de defesa da causa pública que no PS atual se ausentou para parte incerta.
O PS carece de se reencontrar com os valores fundacionais e, para isso suceder, é estrutural a substituição de parte substancial de um corpo de dirigentes de topo que não estão à altura das figuras históricas do partido. Como é bom de ver, para esta refundação ocorrer importa retirar o PS atual do poder da República.
Mais: o nível de degradação moral a que o PS levou a sua última governação impõe que um governo com uma nova visão, com novas pessoas, seja eleito. É por isso que, para assegurar e garantir a cura da nossa democracia, se impõe regressar a uma prática antiga: o voto útil.
Só este método clássico será suscetível de tornar a mudança facto consumado, evitando o risco que resulta da dispersão. Só este método evita a surpresa no dia das eleições: quem quer ter a certeza que retira o PS do governo só tem uma opção: votar na Aliança Democrática (sendo esta a única força alternativa com vocação maioritária e que tem um projeto moderno, humanista, social-democrata e democrata-cristão, e defensor máximo do Estado de Direito Democrático). Quem não votar na AD e quiser a mudança, acordará com um novo governo PS e sentirá que o seu voto foi, sim, inútil para o seu grande objetivo.
Aliás, atento o risco de uma parte do voto de descontentamento ir para um partido liderado por uma populista patético-messiânico, mais premente se torna a adesão ao voto útil.
Em resumo: quero a mudança, logo vou votar na AD, liderada por Luís Montenegro. Se quer libertar o país do desgoverno do PS, nada mais sexy e fonte de adrenalina do que recorrer ao método clássico que o garante: voto útil na AD.