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Vila Flor é o espaço cultural que merece mais apreço dos vimaranenses

Tiago Mendes Dias
Cultura \ domingo, janeiro 21, 2024
© Direitos reservados
Diagnóstico de dinâmicas culturais de Guimarães diz, porém, que centralização cultural no Vila Flor é problema, pela falta de soluções de mobilidade. IMPACTA e ExcentriCidade tidos como boas práticas.

O Centro Cultural Vila Flor (CCVF) é o equipamento cultural ou monumento que os vimaranenses olham com mais apreço. Essa é uma das conclusões do diagnóstico de dinâmicas culturais de Guimarães, elaborado a partir dos contactos estabelecidos com 696 pessoas e dos mais de mil questionários submetidos, tendo sido 363 deles validados. Os dados recolhidos pelo Observatório de Políticas de Comunicação e Cultura (PolObs), estrutura associada ao Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade do Minho, mostram ainda que a população vê ainda o Castelo de Guimarães como o equipamento cultural ou monumento mais simbólico.

Apresentado este sábado no Pequeno Auditório do CCVF, precisamente, esse diagnóstico envolveu ainda os métodos de análise documental, grupos de discussão e observação direta, correspondendo à primeira fase de construção do Plano Estratégico Municipal de Cultura de Guimarães até 2032. O seu coordenador, Manuel Gama, testemunhou uma “opinião muito forte e unânime de que houve um grande investimento na área da cultura nos últimos anos”, a partir de dados oriundos de uma amostra diversa nas idades e também na representação do território de Guimarães como um todo.

A auscultação aos agentes culturais de Guimarães revela ainda que o IMPACTA, regulamento municipal de apoio às associações culturais do município de Guimarães, e o ExcentriCidade, programa de descentralização cultural, são vistos como exemplos de boas práticas, enquanto a centralização da programação cultural de Guimarães no CCVF é olhado como uma má prática, parcialmente por causa da falta de soluções de mobilidade à noite. Os munícipes mais afastados do centro da cidade dependem do transporte privado para assistirem a um espetáculo.

Outro problema detetado reside na comunicação entre o tecido associativo vimaranense, outros agentes culturais e a Câmara Municipal de Guimarães, que, apesar de tudo, é crucial nessa ligação. “Nota-se centralidade da Câmara Municipal de Guimarães na ligação entre as várias associações. É, de longe, a entidade mais mencionada pelas pessoas auscultadas. Se tirarmos a Câmara da equação, ficamos com uma comunicação muito menor”, referiu Manuel Gama.

Há, aliás, associações sem qualquer presença digital, notou o investigador do ICS; correspondem a 18,6% do total. E o Portal do Associativismo é pouco utilizado, além de não ter, em muitos casos, informação atualizada, acrescentou.

O excesso de turismo no centro histórico, mas com pouco dinheiro a entrar nos estabelecimentos comerciais é também mencionado no diagnóstico, apesar das visitas de âmbito turístico estarem longe de ser a modalidade mais comum no acesso aos equipamentos culturais vimaranenses.

 

Mais de metade dos inquiridos prefere Guimarães no pós-CEC

A elevação do centro histórico da cidade-berço a Património Mundial da UNESCO, em 2001, e a Capital Europeia da Cultura, em 2012, foram balizas para o diagnóstico, com mais de metade das pessoas auscultadas – 52,3% - a referir que prefere Guimarães como está hoje do que aquilo que era na antecâmara da CEC; já 20,9% disseram ter hoje precisamente o mesmo sentimento em relação a Guimarães do que tinham antes de 2012.

Uma das evidências do questionário é, aliás, a sugestão de regresso de algumas iniciativas entretanto extintas – o Mi Casa Es Tu Casa, no âmbito do Guimarães Noc Noc, também interrompido, e o Gangue de Guimarães, que congregava atores com ligação ao território.

Manuel Gama mostrou também que o Cartão Quadrilátero, instrumento para preços mais acessíveis nos espetáculos em Guimarães, Braga, Vila Nova de Famalicão e Barcelos, é pouco utilizado. O documento contempla, aliás, os lugares mais visitados pelos vimaranenses fora do concelho – centro histórico do Porto, Bom Jesus e Theatro Circo, ambos em Braga – e os eventos extra-território: o Braga Romana e o festival Paredes de Coura.

 

O Multiusos e a relação da cultura com as dimensões educativa e social

O diagnóstico estará disponível para consulta pública nos canais da Câmara Municipal de Guimarães ainda no primeiro trimestre deste ano, talvez entre o final de fevereiro e o início de março, depois de uma apresentação em reunião de Câmara, revelou o vereador municipal para a cultura, Paulo Lopes Silva. Nessa fase, os munícipes podem endereçar os seus contributos e sugestões, tal como está previsto na elaboração do plano estratégico para a cultura até 2032.

A sessão contou, porém, com sugestões do auditório. O presidente da régie-cooperativa Tempo Livre, Amadeu Portilha, lamentou a ausência de menções ao Multiusos, espaço que, em 2023, realizou 25 concertos e solicitou a inclusão de dados relativos àquele equipamento. Manuel Gama realçou que o diagnóstico espelha os dados recolhidos junto dos agentes culturais e disse que a sua equipa passou pelo Multiusos, seguindo um processo de observação dos espaços, agendada nalguns locais e não agendada noutros.

Já Alberto Fernandes, do Centro e Laboratório Artístico de Vermil (CLAV) e da cooperativa CAISA, com uma ação concentrada na área oeste do concelho de Guimarães, vincou que ainda há muito caminho a percorrer para todas as áreas do território terem acesso à cultura e sugeriu uma ligação mais profunda entre a cultura, a educação e a área social no documento. Manuel Gama respondeu que a ligação está patente no diagnóstico, embora possa ser aprofundada.

Pela parte do Clube Desportivo Xico Andebol, Mauro Fernandes defendeu uma melhor comunicação dos vários eventos que ocorrem em Guimarães, até por causa das dificuldades de comunicação das associações, tendo sugerido o uso de aplicações e ferramentas de inteligência artificial para que, à passagem por qualquer local, os transeuntes saibam o que aí vai acontecer.

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