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Um plano ou estratégia de mobilidade - onde a rodovia conte

Nuno de Vieira e Brito
Opinião \ segunda-feira, julho 22, 2024
© Direitos reservados
Convida-se o leitor a viajar (mesmo em transporte público) até ás Taipas, Vizela, no inicio da manhã ou no regresso do trabalho. Ou até, nas horas de entrada e saída da Universidade...

Entre necessidade e moda, a mobilidade é um dos temas (em conjunto com a habitação) que mais mobiliza os políticos. Mas para além dos estudos e construção de estratégias é, sobretudo, um dos infernais problemas que atinge o cidadão, numa perspetiva que é global, mas em particular, critica em Guimarães.

Reconheço que não sou um técnico especializado nestas temáticas, mas, creio, que com a enorme experiencia com que diariamente me confronto com a problemática, quase (digo quase) me permito considerar como um entendido cidadão.

Alguns temas são necessariamente consensuais, como a utilização do transporte público em detrimento do privado, e, como tal, compreende-se a maior facilidade da sua implementação e adesão em grandes cidades ou áreas urbanas densamente povoadas, em detrimento de áreas, como o Minho e em particular Guimarães, com elevada dispersão habitacional, fruto quer das suas caraterísticas de minifúndio quer de politicas erradas de urbanismo e de ordenamento do território.

Outro tema tendencialmente consensual é a gratuitidade como atratividade de frequência dos transportes públicos. Enquanto que alguns países, como o Luxemburgo, desde 2020, ou em cerca de 50 cidades pioneiras, todos os modos de transporte público - autocarros, comboios e elétrico - são gratuitos, outras, como recentemente em Lisboa, para determinados grupos populacionais (maiores de 65, estudantes até aos 23 anos), tendem, com esta medida, a combater as alterações climáticas e, mesmo, a promover a igualdade social.

Essas cidades e regiões concluíram, ainda, que a gratuitidade é, apenas, um passo de uma visão e uma nova estratégia, que compreenda um programa de investimento que englobe a melhoria das ligações, a qualidade do transporte público, como forma de atração de mais utilizadores. Enfim, uma estratégia de mobilidade que tenha uma visão ampla e englobe diversas vertentes.  

Ora, pelos nossos lados, ainda vamos conversando quanto a estudos ou vias, enquanto que outros, bem perto no Porto, analisam a qualidade e estética das estações do seu Metrobus, processo acessório para o que realmente interessa, mobilidade com fluidez, qualidade e segurança. Entretanto, mesmo com anúncios de investimento em veículos elétricos ou formas alternativas de mobilidade (a suave, como as bicicletas e trotinetas atualmente abandonadas), o trânsito complica e nem plano ou estratégia consegue ter a mobilidade e rapidez que se exige (e merece) nos dias de hoje.

Convida-se o leitor a viajar (mesmo em transporte público) até ás Taipas, Vizela, no inicio da manhã ou no regresso do trabalho. Ou até, nas horas de entrada e saída da Universidade, ou quando chove, ou até quando pretende aceder a uma superfície comercial, ou mesmo, quando tem algum assunto a tratar em repartições públicas. Concordará comigo que os investimentos na rede viária (dirão os fundamentalistas que não deve ser prioritário, dirão os pragmáticos que nenhuma outra se desenvolveu) não existiram ou se realizaram em escassa dimensão, sem a visão e as conexões determinantes para uma verdadeira resolução (ou pelo menos mitigação) do problema (como exemplo flagrante, a rotunda de Silvares ou a – parcial - circular urbana).

Ora, para alem da urgente necessidade de refletir sobre as ligações que unem Guimarães às grandes urbes (Alfa Pendular, TGV) e as novas formas de a promover (Metrobus, Tramway), é importante refletir sobre a mobilidade do presente e as formas imediatas de intervir e planificar. A gratuitidade dos transportes públicos deve ser refletida bem como a melhoria das conexões e ligações, mas é urgente um olhar atento para as vias de circulação, o seu estado, a sua congestão e a sinistralidade que tem sido presente, infelizmente, no nosso quotidiano.

E aí exige-se uma rápida análise e um plano de intervenções, necessariamente faseado, mas que se entenda o objetivo e as suas valias. Não podemos continuar em circulares urbanas, de traçado e dimensão desajustadas, exíguas, que não se ajustam às exigências de segurança e ao trafego presente ou a vias de comunicação que não servem as necessidades e são, mesmo, perigosas para quem as utiliza. Não podemos continuar a esperar por estudos ou polémicas vias e, entretanto, desviar a atenção do presente e da necessidade de intervir e corrigir. Precisamos de uma visão urgente para a mobilidade, pela segurança de todos os que circulam em Guimarães.

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