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Outono

Chef António Loureiro
Opinião \ quinta-feira, outubro 21, 2021
© Direitos reservados
Com a chegada do Outono, toda a cozinha se torna mais quente e reconfortante; acendem-se lareiras e fornos de lenha, reinam os assados, os rojões, o sarrabulho e as infinitas receitas de bacalhau.

E chega o Outono. A “segunda Primavera”… tudo se transforma, o ritmo abranda. As frutas mudam de cor, os vegetais ficam doces e macios, as carnes maturam ao ritmo lento das folhas coloridas que vão caindo. É tempo de caça e de criação. É o momento dos frutos secos, das raízes, dos cogumelos e dos tubérculos. Entramos na floresta e sentimos o cheiro a terra molhada, cogumelos, avelãs, castanhas e amêndoas. Todos enchem de vida a floresta. Todos serão a nossa inspiração.

É no Outono que abastecemos a despensa e preparamos a salmoura e o fumeiro, pois aproxima-se a matança do porco e o vinho já está feito.

Entramos na horta e sentimos a terra macia, as abóboras, as batatas que já se encontram na “loja”, os alhos e as cebolas que convidam a sopas e caldos fumegantes cheios de cor e aroma.

O Outono é tempo das brássicas, das couves e dos famosos grelos, do feijão que já secou e malhado na eira foi, e do naco de conduto deitado no caldo que une todos os sabores. Marmeladas e geleias enchem de perfume os armários e adornam alegremente os parapeitos das janelas de tigelas coloridas.

A riqueza dos nossos produtos pede agora uma cozinha lenta e mais próxima da tradição. Com a chegada do Outono, toda a cozinha se torna mais quente e reconfortante; acendem-se as lareiras e os fornos de lenha, reinam os assados, os rojões e o sarrabulho, os lentos guisados, as infinitas receitas de bacalhau, as cabidelas e a caça. Sente-se no ar a nostalgia das cores, que misturadas com o fumo das podas anunciam a inverneira. Assim é o Outono.

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