skipToMain
ASSINAR
LOJA ONLINE
SIGA-NOS
Guimarães
28 março 2024
tempo
18˚C
Nuvens dispersas
Min: 17
Max: 19
20,376 km/h

O carnaval de Veneza: as suas origens

António Paraíso
Opinião \ terça-feira, março 01, 2022
© Direitos reservados
Acredita-se que a tradição do Carnaval de Veneza pode ter começado em 1162. As pessoas, devidamente mascaradas, poderiam ser quem quisessem e, durante uns dias, a plebe convivia com a aristocracia.

A festa de Carnaval será celebrada em breve. A palavra tem a sua origem no latim clássico carnem levare que significa “abstinência de carne”. No latim medieval, o termo usado era carnelevarium ou carnilevaria e daí facilmente chegamos à sua forma atual. Essa expressão descreve o tempo dedicado à preparação para a Quaresma, a tradição cristã do período de quarenta dias antes da Páscoa, durante o qual se pratica a abstinência de carne.

Esse período começa cerca de duas semanas antes da quarta-feira de cinzas e termina na terça-feira de Carnaval, também conhecida como terça-feira gorda ou Mardi Gras, como dizem os franceses. De todas as formas de festejo que se celebram no mundo, o Carnaval de Veneza é talvez o mais intrigante, mas também o mais elegante.

Acredita-se que a tradição do Carnaval de Veneza pode ter começado em 1162 com a celebração da vitória da República de Veneza sobre o seu inimigo, Ulrico II de Treven, o Patriarca de Aquileia (antiga cidade romana na Itália). Ulrico II foi feito prisioneiro e finalmente libertado, sob a condição de prestar homenagem a Veneza todos os anos, com o sacrifício de animais e oferendas.

Então, na Piazza San Marco, nessa altura, havia festas de rua, jogos, o povo a dançar e as fogueiras. A hierarquia social da época era muito rígida, mas nessa semana de Carnaval, tornava-se mais suave e, excecionalmente, eram concedidas várias liberdades ao povo, sendo a mais importante, o anonimato.

As pessoas, devidamente mascaradas, poderiam ser quem quisessem e, durante uns dias, a plebe convivia com a aristocracia. Então, os venezianos adotaram o hábito de usar máscaras para esconder as suas identidades e terem mais liberdade para se divertir. No século XVIII, o Carnaval de Veneza continuava a ser festejado e era já considerado uma das principais atrações turísticas. Mas, esta festa foi proibida em 1797, quando Veneza foi conquistada por Napoleão e depois passou para o domínio austríaco. O
Carnaval de Veneza desapareceu durante dois séculos.

No final da década de 70 do século XX, o governo italiano decidiu autoriza-lo novamente para ajudar a cidade a recuperar a sua herança cultural e revitalizar a sua economia, tornando-o numa das maiores celebrações do mundo.

 

As máscaras

Durante o período de Carnaval, suspendiam-se as Leis Sumptuárias, que proibiam o povo de imitar os hábitos das classes altas, e todos podiam vestir-se como quisessem. Naquela época, as máscaras eram feitas de argila e papel maché, sendo usadas de acordo com arquétipos clássicos, inspirados no teatro, como o anónimo Bauta, o Moretta silencioso ou o intrigante Gnaga, um travesti com uma cesta de gatos debaixo do braço. Mas havia também arquétipos da Commedia dell’arte como Arlecchino, o criado esperto ou Pierrot, o palhaço triste.

Além das acima referidas, as máscaras mais emblemáticas do Carnaval de Veneza continuam a ser a Colombina, a típica empregada doméstica representada no teatro italiano, a Medico della Peste, a máscara de bico comprido, inspirada no médico francês Charles de Lorme, que a usava para tratar doentes com peste, Volto, a máscara de porcelana, geralmente usada pelas senhoras, e Pantalone, a meia máscara com feições de velho triste, usada apenas por homens.

Sejamos, por uns dias, quem quisermos ser!
Bom Carnaval.

Podcast Jornal de Guimarães
Episódio mais recente: O Que Faltava #70