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Guimarães
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Memórias da Noite do Pinheiro

Vítor Oliveira
Opinião \ sábado, novembro 25, 2023
© Direitos reservados
Todas as ruas de Guimarães têm já os seus adereços natalícios. As iluminações vão ser ligadas a 01 de dezembro, a exemplo de outras cidades. Nós, tínhamos aqui uma oportunidade de fazer diferente.

A temperatura à noite vai subir ligeiramente para os 10 graus, mas este ano o cortejo do Pinheiro será ritmado por pingos de chuva e outras batidas de agua…ceiros! Tradição que se respeite é assim mesmo: ou chuva, ou frio, ou ambos. Ninguém espere tempo quente em fins de novembro! O único calor previsível é o humano. Sempre.

Não é necessário consultar mais nenhum boletim. Nem o meteorológico, nem o clínico, nem o fiável almanaque do Borda… d’Água! A noite do 29 de novembro é sagrada em Guimarães. Habituamo-nos a ler (e a ouvir) mil e uma razões para participar nas festas dos ‪‎estudantes de Guimarães, mais originais e mais antigas de Portugal, organizadas por jovens entre os 15 e os 18 anos.

Os rufos de bombos e caixas, esses, já se ouvem há algum tempo. É muito provável que tal aconteça quando estiver a debruçar a sua leitura sobre estas linhas. No penúltimo mês do ano, a banda sonora não sofre alterações na atmosfera vimaranense. São memórias que ficam e que dão início às seculares Festas Nicolinas!

Há pessoas que vêm propositadamente a Guimarães participar no desfile do Pinheiro. Há quem viaje do estrangeiro só para a noite de 29 de novembro. Chegam a estar perto de 100 mil pessoas nas ruas. O Pinheiro passa pela multidão, puxado ao ritmo de várias juntas de bois. Devagar. Esperam-se 3 a 4 horas para ver o Pinheiro desfilar, até ser erguido. Sempre com o (mesmo) ritmo. E exatamente da mesma forma há mais de 350 anos.

Há quem decore as peles de caixas e bombos com imagens que são autênticas obras de arte, sinal do amor a uma Cidade e a um Clube. A noite é de convívio. E de folgar. Com amigos. E rojões e castanhas. E arroz com sangue, tripas de porco ou o bucho, que faz transpirar. Uma ementa que se repete todos os anos. Mas que faz parte da tradição. E das nossas memórias.

Depois dos jantares, ninguém passa no centro da cidade. À frente do desfile, a “Boneca” determina a cadência dos toques. Faz a afinação do cortejo. Pelo caminho, há quem rasgue a pele da caixa e do bombo. Muitos terminam ensanduichados no Campo da Feira e acabam abraçados ao tronco do Pinheiro.

Antes disso, passa-se no Toural. Costuma estar, já, a árvore de Natal aprumada. Na minha memória de aluno do ensino secundário, não só estava montada como também se ligava nessa noite! Que é mítica para os vimaranenses e que, por ser especial, seduz quem nos visita.

Faça-se luz! E que se ligue a árvore do Toural para abrilhantar (ainda mais) as nossas Festas Nicolinas. Que caminham para os quatro séculos sempre com a paixão, determinação e teimosia própria de quem se orgulha do seu bairrismo.

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