Maioria Absoluta: a luz ao fundo do túnel!
As Eleições Legislativas do passado dia 30 de janeiro tiveram um resultado que muito poucos antecipavam: uma maioria absoluta. Estranhamente, parece que este resultado não terá sido muito bem recebido pelos eleitores, mesmo entre aqueles que votaram no vencedor, pois ao que parece, o povo não gosta de maiorias absolutas. Até o próprio candidato vencedor logo se apressou a tranquilizar os portugueses no discurso de vitória: “A maioria absoluta não é poder absoluto (..) é uma responsabilidade acrescida e é governar com e para todos os portugueses”.
Sinceramente não percebo esta aversão a maiorias absolutas! Foi sempre nas governações com maioria absoluta que mais prosperidade se viu em Portugal e em que houve uma maior defesa da iniciativa privada. Comecemos pelas duas primeiras maiorias absolutas: a de 1987 e a de 1991. Foram ou não tempos memoráveis? Os camiões de dinheiro dos fundos europeus que financiaram as grandes obras (autoestradas, hospitais, etc.), as privatizações, que faziam qualquer português sonhar em vir a ser um Pedro Caldeira (antes deste ter ido à falência e sido preso, claro!).
No Alentejo havia quase um jipe por habitante, recebiam-se fundos para plantar e fundos para arrancar; não havia país no mundo com tantos Ferraris per capita como Portugal. Alguns membros desses governos tornaram-se mais tarde grandes empreendedores e criaram bancos, universidades, quais Rockfeller da ilustre praia lusitana! Houve depois um problema ou outro com a justiça, mas já sabemos como em Portugal ninguém pode vestir uma camisa lavada!
Depois vieram governos minoritários, o pântano e o país de tanga, e mais duas pequenas legislaturas das quais não reza a história e eis que, no amanhecer do ano de 2005, surge uma nova maioria absoluta. E aí sim, assistimos a uma evolução sem precedentes do país. Foi sem dúvida o Governo com mais visão que este país já viu, que mais fez pelas empresas e que mais promoveu a produção nacional por esse mundo fora.
Tanta coisa excecional foi feita naqueles quatro anos, com dois de prolongamento: comecemos pelo programa e-escola, que consistia na atribuição de um minicomputador (Magalhães) a cada aluno logo a partir da primária, cujo conceito exportámos para a Venezuela (é uma pena que agora nem sempre lá haja eletricidade para carregarem os computadores); depois foi a “parque escolar” que remodelou e trouxe para o século XXI as escolas básicas e secundárias e que tanto fez pelo setor da construção.
Nunca outro governo fez tanto pelo interesse nacional, apoiando de forma incondicional a gestão e os acionistas portugueses da banca, da televisão, do setor das telecomunicações (quem não se lembra do uso cirúrgico da golden share na PT), bem como de inúmeros outros setores estratégicos. Foi o tempo dos PIN’s (projetos de interesse nacional), dos quais destaco por limitação de espaço apenas aquela empresa em Sines, que esteve quase a colocar Portugal no mapa global do setor petroquímico e que representou um investimento do banco público de aproximadamente 1.000 milhões de euros, e que por restrições de mercado infelizmente apenas laborou durante dois anos.
Também aqui, um ou outro ex-governante se deparou com uns pequenos problemas com a justiça, por alegadamente terem sido retirados uns prémios de gestão que não estavam previstos. Mas já sabemos
como às vezes a vida é ingrata por quem mais fez por este país. Foi uma pena que depois tenham vindo aqueles cinzentos da troika e o Passos Coelho para estragarem tudo o que de bom foi feito.
É por isso que não percebo! Se sempre tudo correu maravilhosamente bem com as maiores absolutas, porque é que desta vez haveria de correr mal? Triste sina a deste país que nunca mais se consegue livrar dos velhos do Restelo.