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JMJ: a oportunidade que (não) foi!

Vítor Oliveira
Opinião \ sábado, setembro 02, 2023
© Direitos reservados
Cerca de três centenas e meia de peregrinos vimaranenses participaram na JMJ. Além dos párocos, foram os (únicos) embaixadores de Guimarães.

Faz hoje um mês que o mundo fixou os olhos no nosso país para aplaudir aquela que o Papa Francisco apelidou de melhor Jornada Mundial da Juventude de sempre. Agora que terminou o evento, muitos terão ficado absolutamente surpreendidos com o entusiasmo e a dimensão de um encontro que teve repercussões verdadeiramente… planetárias.

De quando em vez, reivindicamos que são precisos grandes eventos para promovermos o que temos de melhor no nosso território. Acolhemos agora um – como nunca tivemos! Foram jovens de todos os cantos do mundo que vieram até nós. Que são os futuros adultos (e turistas visitantes) de amanhã. E que doravante vão poder regressar, de novo, ao nosso país – agora com as suas famílias já constituídas.

Foi do domínio público que Viana do Castelo, Vila do Conde, Viseu e Sardoal construíram tapetes coloridos (de flores e de sal) no Parque Eduardo VII, com o objetivo de mostrarem ao líder da Igreja Católica os costumes dos seus municípios e evocarem a tradição da Semana Santa nas várias capelas e igrejas dos seus territórios.

As rendas de bilros de Peniche marcaram presença na toalha do altar da missa final, presidida pelo Papa Francisco no Campo da Graça (Parque Tejo). Foram produzidas por quatro rendilheiras que teceram as rendas para a toalha de 4,70 metros – uma oportunidade de mostrar ao mundo a arte da província da Estremadura.

Do Alentejo, foram doadas perto de duas toneladas de trigo mole alentejano para fabrico de cerca de um milhão de hóstias para as eucaristias da JMJ. Apesar de não precisar de grande promoção turística, nem religiosa, saíram do concelho de Ourém, onde está situado o Santuário de Fátima, todos os terços da edição deste ano da Jornada Mundial da Juventude.

Os Municípios de Gondomar e Santo Tirso promoveram a arte da ourivesaria, com mais de 200 cálices e 6 mil píxides (espécie de taça para distribuir as hóstias no momento da comunhão), feitos de metal, banhados a prata e com o interior dourado, que foram utilizados nas cerimónias da JMJ.

O Município de Manteigas viu neste evento uma oportunidade de divulgar as vestes de burel da Serra da Estrela, com a produção de um total de 10 mil paramentos para os milhares de párocos e cerca de 700 bispos que estiveram presentes, tendo sido usados quase 50 quilómetros de tecido. Foi a primeira vez que o burel foi utilizado numa veste papal, representando o símbolo da participação do interior do país nestas celebrações.

Paredes apostou a sua grande mais-valia: a indústria do mobiliário, antecipando-se a Paços de Ferreira, conhecida por ser a Capital do Móvel. De Rebordosa, chegaram a cadeira do Papa, o púlpito e uma mesa que serviu de base ao andor de Nossa Senhora, no palco que acolheu as celebrações litúrgicas. Ainda em Paredes, foram produzidas as cadeiras colocadas no Palácio de São Bento, onde se sentaram o Papa Francisco e Marcelo Rebelo de Sousa.

PROJEÇÃO E MOSTRAR CAPACIDADE

A Póvoa de Varzim também fez parte. Um tapete de Beiriz, peça inestimável do património cultural poveiro, com 14 cores diferentes, foi colocado na Sala dos Embaixadores no Palácio de Belém. O tapete foi oferecido ao Presidente da República e estendido na sala onde recebeu Sua Santidade. Já uma artesã da Póvoa de Varzim ofereceu uma típica “Camisola Poveira” a Jorge Mario Bergoglio, o 266º Papa da Igreja Católica, que adotou há 10 anos o nome “Francisco”, pela sua afinidade com a ordem religiosa à qual pertenceu… São Gualter, um religioso franciscano enviado em missão a Portugal, no início do século XIII, por São Francisco de Assis.

Todos os anos, no primeiro fim de semana de agosto, a cidade de Guimarães dedica-lhe as suas festas da cidade. Há justamente um mês, estávamos nas vésperas das Gualterianas – que agradeciam promoção numa altura em que se fala da necessidade de se reinventarem para ganharem novo impulso e vitalidade.

E Guimarães até tinha um exímio embaixador no palco (literalmente no palco) da Jornada Mundial da Juventude! Há cerca de um mês, justamente, o DJ Padre Guilherme, natural de Guimarães e sócio do Vitória, acordava 1 milhão de peregrinos com uma ‘setlist’ feita de propósito para a Jornada Mundial da Juventude – que até incluía um ‘mix’ com um dos discursos do Papa Francisco.

Um sucesso mundial que poderia (tão só) ser abrilhantado com a oferta de uma bandeira de Guimarães que – estou certo – o Padre Guilherme orgulhosamente abraçaria nas suas costas. Ou, se quisermos ser mais protocolares, a entrega ao Papa Francisco de uma réplica das estátuas de São Francisco e de São Gualter, que recentemente foram colocadas em frente à Igreja de São Francisco, em Guimarães.

São (apenas) duas ideias.
Porque as oportunidades são (mesmo) como o pôr do sol. Ou aproveitamos ou rapidamente as perdemos de vista.

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