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E passaram três anos... também para o ambiente

Nuno de Vieira e Brito
Opinião \ quarta-feira, maio 22, 2024
© Direitos reservados
De facto, é incontornável a(s) candidatura(s) a Capital Verde Europeia e o esforço que se tem feito para que Guimarães obtenha tão desejado galardão.

E continuo neste balanço de três anos. Três anos que trazem agora uma nova fase para a revista do Jornal de Guimarães (futuramente totalmente em formato digital) reconhecendo algum saudosismo de manter uma presença gráfica, que permite chegar a outros públicos, menos sensíveis a esta voracidade do imediato. Uma evolução, todavia, que o ambiente também saúda, pois reduz o consumo de papel e, necessariamente, o abate de árvores para a produção de pasta.

E, pois, de ambiente vamos valorizar estes três anos de escrita e, em particular, em Guimarães. De facto, é incontornável a(s) candidatura(s) a Capital Verde Europeia e o esforço que se tem feito para que Guimarães obtenha tão desejado galardão. Tem, este, objetivos claros que se centram na obtenção da neutralidade carbónica em 2030, mesmo sem ainda existir uma avaliação claro de custos e esforços que implica para os cidadãos vimaranenses. Não será de negligenciar as manifestações recentes (e ainda presentes) dos agricultores dado que as metas impostas pelas politicas agroambientais europeias (cujos objetivos não se questionam) não se basearam em estudos científicos credíveis, implicando a necessidade de rever medidas, metas, calendários, para alem de um maior apoio para a concretização desses objetivos.

Ora, estes galardões devem ser vocacionados apenas para a qualidade de vida do cidadão, para a sua participação e contribuindo para a sua felicidade, como argumenta Vilnius. Para isso, as preocupações o ambiente (a água, a preservação dos recursos naturais e das zonas verdes, a biodiversidade), com mais e melhores acessibilidades (em particular na via férrea e ligação aos grandes centros urbanos), maior captação de empresas qualificadas da economia verde, maior fixação de população (jovem) e condições habitacionais dentro deste desígnio, seriam as estratégias fundamentais para Guimarães.

E anuncia-se mais uma “Green Week”, com panfleto de divulgação que é mais de promoção politica do que propriamente de consciencialização ou promoção ambiental.  Seria bom saber, no final desta “Semana Verde” os resultados tangíveis destas ações (a melhor gestão dos recursos hídricos e menos perdas de água no concelho; a melhor gestão dos espaços verdes; a intervenção nas áreas rurais ou a limpeza das áreas florestais como defesa e proteção contra incêndios, entre outros). Bem, dirão os mais condescendentes e habituados a estas promoções que nos encontramos na fase de divulgação, dirão os outros, mais pragmáticos e cansados da repetibilidade, que já vamos tarde quanto a resultados e torna-se necessário a concretização de ações.

Se bem que a transição ecológica se vai realizando, através da substituição dos transportes públicos por veículos elétricos, a sustentabilidade e a mobilidade, fatores fulcrais nesta transição continuam a ser um ponto desesperadamente esquecido no nosso concelho. Não vemos uma redução de automóveis em Guimarães ou até menor fluidez de transito, não se encontrou solução para outras alternativas de transporte (ferrovia, por exemplo) que criasse alternativas válidas presentes ou mesmo no futuro (continuamos a estudar e ainda não se chegou aos resultados e conclusão desse estudo) ou não se encontra a melhor solução na definição de novas vias, com impactos definitivos no equilíbrio da paisagem e do território.

Ora, como se valorizou em Vilnius, todas estas intervenções (e muito mais) estimulam-se com inovação e criatividade, resultando no desenvolvimento de uma economia (verde) que se traduz num concelho onde todos queremos estar, viver ou visitar. Ora, três anos depois, muitas ações (pequenas), sobretudo de promoção e divulgação ocorreram, com demasiados protagonistas e poucos estrategas, numa continua indecisão que vai comprometendo o presente e no afasta do Futuro. Como estes três anos podiam (e deviam) ser tão diferentes.

Inicia-se um novo ciclo neste Jornal, que cumpriu, foi (e é) uma esperança de liberdade de expressão em Guimarães. Inicia-se outro ciclo, dentro dos mesmos compromissos éticos, e talvez fosse a altura de mudar deste ciclo desorientado e demasiado preocupado nos seus problemas intestinos. Um obrigado a quem me convidou e sobretudo aos atentos leitores.

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