E depois das eleições (parte II)…
Na sequência do texto anterior, ainda a pretexto e a propósito do contexto de mudança que invadiu Guimarães, vem à memória esta frase citada livremente e que traduz a constatação, dir-se-á, tão óbvia quanto central e importante considerar no momento actual: a Cidade, no caso, Guimarães, não pára e, como tal, quem chega, chega a uma realidade em movimento que requer acção e decisão imediata em função “do que está”, podendo esperar ou compassar perante “o que há-de ser ou se deseja que venha a ser”. De igual modo, quem reclama e elegeu mudança, quer actuação em conformidade e assume a expectativa da concretização e da visibilização de sinais efectivos dessa mudança optada, reclama e anseia tradução da sua vontade e confiança. E aquele que é o objecto central, aquele que está em andamento e é alvo de gestão, vivência e desejo, permanece igual e contínuo, disposto à mudança, mas sujeito a herança, aberto ao futuro, mas sem abstracção do passado. No caso, a Cidade, no caso, Guimarães.
Neste ambiente tensionado entre a necessidade e a vontade de fazer e sentir a mudança, corre-se o risco do voluntarismo e da precipitação, da informação e do exacerbamento e, depois, da impotência e da inconsequência, da desilusão e, de alguma forma, descrédito!
Na verdade, quem chega, acredita-se, chega genuinamente com vontade de fazer e transformar, melhorar e acrescentar, de justificar e visibilizar. Por isso, tendencialmente, cheio de voluntarismo de actuação e, consequentemente, com risco de abreviação, antecipação e precipitação.
Quem escolhe a mudança, acredita-se, fá-lo por convicção e necessidade e, como tal, exige imediatismo e consequência, coerência e correspondência, podendo gerar exigência desmesurada e descontextualizada, dir-se-á, injusta e inoportuna.
E a Cidade, aquela que continua, “apenas” requer assertividade e coerência, cuidado e ponderação, equilíbrio e convicção, que não se desista do bom nem se insista no mau, apenas se persista no “fazer o melhor possível”, ou seja, fazer o que tem de ser feito, fazendo bem o que se faz…
O momento é de vontade e de expectativa, mas não deixa de ser difícil para quem chega e ansioso para quem espera e escolhe. Na verdade, dir-se-á, difícil para todos, exigindo (ainda) mais cumplicidade no entendimento da realidade do outro e do seu contexto, potencialidades e dificuldades associadas ao seu quotidiano; confiança na boa-fé de todos, vontade e interesse em melhor decidir e agir; convicção e bondade no caminho a trilhar; esforço para alcançar e satisfazer a expectativa gerada, o objectivo delineado e o resultado prometido.
O momento é difícil, mas de apelo e esperança. É exigente e de esforço. De trabalho e paciência. Não se espere de uns um acto de pura magia e tudo transformar como se não houvesse tempo nem limites. Mas não se exija do outro inacção ou aceitação acrítica se não se avançar ou produzir.
Assim todos saibam gerar e partilhar sensibilidade e bom senso! E, juntos, todos saibam fazer e construir cidade. Guimarães merece e, continuadamente, precisa!