Cúmplices até quando?
A ocupação de Israel na Palestina não tem fim. O despejo de famílias palestinianas de Jerusalém Oriental motivou várias manifestações que terminaram da pior maneira. Israel, mais uma vez, usou da força contra os palestinianos que recusam abandonar as suas casas. Os tribunais israelitas atribuíram as casas do bairro de Sheikh Jarrah aos judeus, sustentando a decisão numa suposta propriedade, em 1948. No entanto, não há qualquer lei que permita aos quase um milhão de deslocados palestinianos reclamarem as terras que foram ocupadas. Um estado xenófobo que alimenta o ódio da extrema-direita.
Em Gaza, a violência das tropas israelitas escalou. Foram disparados centenas de mísseis contra civis. Destruíram casas, fábricas, escolas e hospitais. Mataram mais de 60 crianças. O prédio da agência de notícias Associated Press e da televisão Al-Jazeera também foi destruído num ataque. Israel, com a conivência da comunidade internacional, continua a ocupar a Cisjordânia e a isolar cada vez mais Gaza, numa constante violação da resolução das Nações Unidas, de 1947, e dos Acordos de Paz de Oslo, de 1993. Os palestinianos foram e são obrigados, através da força, a abandonar toda a vida de trabalho e serem refugiados na sua própria terra.
No Campo de Aida, em Belém, atualmente, vivem cerca de 5 mil pessoas em condições muito precárias. Famílias inteiras vivem ali há décadas. Numa economia completamente estrangulada pela potência ocupante é praticamente impossível encontrar emprego. Em Hebron, os palestinianos foram expulsos de grande parte da cidade. As escolas têm cimento nas janelas para proteger as crianças das balas israelitas. Estão proibidos de circular no outro lado, mas as visitas do exército israelita às suas casas é regular.
Israel construiu muros de oito metros e torres de vigia a cada 300 metros, que vai expandindo a cada ano que passa. Os bairros, famílias e vidas são separadas por toneladas de betão e arame farpado. Cercados, constantemente vigiados e com a circulação restrita, o sentimento é de estar numa prisão a céu aberto. As autorizações para passarem pelos checkpoints são escassas e quase sempre para trabalhar em empresas israelitas. Ainda assim, diariamente, são sujeitos à humilhação de tirarem as botas para passar pelos raios-x.
A ocupação e o apartheid não pode continuar. Os direitos humanos do povo palestiniano têm de ser respeitados. É legítimo o direito ao Estado Palestiniano e a viverem em paz e tranquilidade. Para isso, precisamos de ir além das declarações e apelos ao cessar-fogo. O conflito entre a Palestina e Israel terminará quando as armas que o alimentam pararem de ser comercializadas. As empresas americanas lucram milhões com os mísseis que matam os palestinianos. França, Alemanha e outros países europeus são também responsáveis pelas armas que fazem guerras pelo mundo.
Sigamos o exemplo dos estivadores do Porto de Livorno, em Itália, que recusaram embarcar um carregamento de armas com destino a Israel, afirmando que não seriam cúmplices com o massacre do povo palestiniano.