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Conhece o Museu mais antigo da cidade?

Francisco Brito
Opinião \ sábado, junho 25, 2022
© Direitos reservados
Os museus não são locais estáticos que basta ver uma vez na vida. Mudam com a atualização do conhecimento e com as diferentes formas de curadoria que vão conhecendo.

No passado fim-de-semana a Sociedade Martins Sarmento (SMS) promoveu uma visita à Casa de Pousada (em Azurém), uma casa-torre que agora, graças a uma generosa doação do Dr. Luís Bandeira, integra o património da SMS. A visita contou com mais de 50 participantes sendo que a maioria não conhecia ou nunca tinha ouvido falar da Casa de Pousada, uma das casas nobres mais antigas do país. Uma vez que se trata de uma propriedade privada e que, até há bem pouco tempo, o seu acesso estava reservado apenas aos seus donos é perfeitamente natural que a casa, pese embora a sua antiguidade, fosse pouco conhecida.

Felizmente, ao contrário do que acontecia com a Casa de Pousada, os museus da cidade e do concelho são conhecidos. O museu mais antigo da cidade é o Museu Arqueológico da Sociedade Martins Sarmento (MASMS), situado na sede da SMS em Guimarães. Criado em 1884 e inaugurado em 1885, o MASMS foi o primeiro museu da cidade e é um dos museus mais antigos do país que ainda se encontra em funcionamento. A sua abertura foi marcante para Guimarães e serviu de exemplo a outras instituições que, em boa hora, lhe seguiram os passos. Pouco tempo depois, em 1890, por iniciativa do arqueólogo Albano Bellino, a Venerável Ordem Terceira de São Francisco inaugurava um pequeno museu onde se encontravam expostas as peças mais preciosas daquela instituição. Infelizmente esse espaço museológico esteve pouco tempo aberto ao público. Dos projectos de finais do século XIX e início do século XX merece também destaque a criação de um museu da indústria na SMS que acabaria por não vingar, funcionando apenas durante uns anos. Em 1928 surge o Museu de Alberto Sampaio, um marco incontornável da museologia nacional e, nas décadas seguintes, monumentos como o Castelo ou o Paço dos Duques também viriam a conhecer processos de musealização, sendo hoje dos mais visitados da cidade. Na década de 70, em Fermentões, surge o Museu da Agricultura e nas primeiras décadas do século XXI são inaugurados o Museu da Cultura Castreja (em Briteiros), o Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG) e a Casa da Memória.

Respondendo à pergunta que fiz no início do artigo posso afirmar com toda a segurança que o MASMS é o museu mais antigo da cidade e, muito provavelmente, será o museu detido por uma instituição privada mais antigo de Portugal. Situado na sede da SMS, o museu reúne uma das mais importantes colecções de arqueologia e epigrafia do país e é merecedor de uma visita não só pelo valioso espólio que alberga, mas também pela paz que nos transmitem os belíssimos claustros do antigo Convento de São Domingos que fazem parte daquele espaço.

Feita esta sugestão, fica uma outra pergunta: há quanto tempo não visitam os museus da nossa cidade?

O Castelo e o Paço dos Duques, a Casa da Memória, o Museu de Alberto Sampaio, o Museu da Agricultura de Fermentões, o MASMS, o Museu da Cultura Castreja, o CIAJG e outros percursos museológicos, salas de exposições ou centros interpretativos são, sem margem para dúvida, merecedores da nossa atenção e visita. Não são locais estáticos que basta ver uma vez. Mudam com a actualização do conhecimento e com as diferentes formas de curadoria que vão conhecendo. E mudam-nos de cada vez que os visitamos.

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