Um pastrami em Nova Iorque

Nova Iorque é uma das minhas cidades de eleição. Nova Iorque é, como diz a letra da canção de Frank Sinatra, “a cidade que nunca dorme “, uma cidade diferente, a cidade onde cada lugar nos remete para as memórias de um filme, a cidade dos sonhos, a cidade mágica, e acima de tudo, a cidade onde tudo pode acontecer.

Com os seus arranha-céus, muitos deles verdadeiros ícones cinematográficos, Nova Iorque é o símbolo da grande metrópole do Século XXI, onde se encontra tudo o que se pode desejar. A cidade é formada por cinco bairros – Manhattan, Bronx, Queens, Brooklyn e Staten Island –, mas quando as pessoas pensam em Nova Iorque pensam sobretudo na ilha de Manhattan, onde se localizam os principais locais turísticos.  Eu gosto de vaguear pelos seus bairros, em especial pelo SoHo, fugir da desordenada e louca agitação turística do centro de Manhattan, andar simplesmente pelas ruas como se eu estivesse num filme. Como diz a letra da canção dos AC/DC, “I feel safe in New York City“. E sinto mesmo.

Tal como na moda, cultura ou arte, em Nova Iorque podemos encontrar, com facilidade, restaurantes para todos os gostos. Aliás, Nova Iorque e São Paulo são com toda a certeza, as cidades onde mais comida do mundo pode ser apreciada, satisfazendo todos os palatos, até os mais esquisitos.

Os nova-iorquinos gostam muito de ir almoçar aos famosos “Delis”, um misto de snack-bar, mercearia e charcutaria. Sempre cheios de vida.

Há muito que eu queria ir conhecer o famoso Katz´s Delicatessen, localizado no número 205 da Houston Street, em Lower East Side e provar a “sandwich” de pastrami.

 

O Katz's serve desde 1888 o pastrami, uma carne de bovino defumada com origem na Roménia

 

Aberto desde 1888, o Katz´s é famoso pela sua “sandwich” de pastrami, considerada a melhor          de Nova Iorque e que lhe valeu uma menção em 2022 no guia da Michelin.

Mas afinal o que é o pastrami? Pastrami é uma iguaria originária da Roménia, mas reza a história que foi introduzida em Nova Iorque no final do século XIX por imigrantes romenos judeus. Consiste num corte específico da carne de bovino com uma gordura que ajuda a dar textura, curada em salmoura, temperada com especiarias, defumada e cozida lentamente até ficar bem macia, o que ajuda a dar à carne uma tonalidade vermelha-escura, um sabor e aroma intenso tão característico do pastrami.

Depois de uma espera a aguardar uma mesa, tive a sorte de ser sentado na mesma mesa onde Billy Cristal e Meg Ryan se sentaram no filme “When Harry met Sally”, deliciei-me com a minha “sandwich” de pastrami, preparada à minha frente por eficientes, simpáticos e despachados empregados. O pastrami da Katz´s é fenomenal: fatias de carne muito macias e suculentas, empilhadas num pão delicioso com pickles e mostarda pelo meio; sem dúvida o melhor pastrami que já comi. Em Portugal, o pastrami tem como familiar a nossa célebre sandes de Bifana, com as devidas diferenças.

Não tive a famosa reação de Meg Ryan naquela mesa, aconselho a ver o filme para saberem do que falo, mas voltarei ao Katz´s para desta vez provar a “sandwich” Corned Beef, que ficou gravada na minha memória gastronómica e pode ser que então tenha reação semelhante.

O Katz´s valeu bem a visita e, como diz o slogan adaptado, “Há Katz´s e Katz´s, há ir e voltar”; não rima, mas fica bem para acabar esta prosa.

Aconselho quando forem a Nova Iorque a visitarem este templo de boa comida.

 

Pastrami em Nova Iorque