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Importância estratégica para implementar melhores cuidados terciários

Prof. Dr. José Cotter
Opinião \ sexta-feira, fevereiro 24, 2023
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Os cuidados hospitalares em Guimarães deverão concentrar-se na área da estrutura já existente

Como é público, está em fase de criação uma nova estrutura regional de saúde denominada Unidade Local de Saúde (ULS) do Alto Ave.

Não me vou debruçar demoradamente sobre o nome adotado sem ninguém ser consultado, denominação infeliz porque é restritiva de eventuais estratégias mais abrangentes, já discutidas anteriormente a nível central, e que no caso de se concretizarem obrigarão a uma desnecessária alteração do nome. Mas essencialmente, nesta estrutura, o Hospital da Senhora da Oliveira – Guimarães desempenhará uma função essencial, única, que se relaciona com a sua diferenciação, seja ela de recursos humanos ou tecnológicos, que o levarão a funcionar como um complexo de “fim de linha”, que atualmente em muitas áreas já é.

Também é sabido e vai sendo consensualmente reconhecido que o hospital, além de precisar de manutenção, com o decorrer dos anos se tornou pequeno para aquilo que se pretende do desenvolvimento em algumas valências, com destaque para um paradigma da medicina moderna que é o ambulatório, atualmente afetado em certas áreas por uma manifesta atrofia condicionada por limitações logísticas. Por isso, o hospital precisa de ser redimensionado de uma forma pensada, estratégica, com visão longínqua e que essencialmente sirva de forma eficaz os doentes que a ele acorrem e ao mesmo ajude os profissionais que nele trabalham a prestar cuidados de excelência. É também para isso que os cidadãos pagam os seus impostos.

Nesta linha, será correto pensar que a medicina de maior proximidade será praticada pelos cuidados primários a cargo dos médicos de família, que terão distribuídas as suas funções pela extensão do território a que diz respeito a ULS. Até aqui tudo pacifico. Mas será de todo impensável “pulverizar” cuidados hospitalares por todo o território, devendo os mesmos concentrar-se na área da estrutura já existente. Porquê?

Em primeiro lugar, porque a medicina atual tornou-se demonstrativa e não de presunção como outrora, obrigando a uma tremenda dependência dos meios complementares de diagnóstico, que não são possíveis, pela sua sofisticação, custo cada vez maior e necessidade inerente de recursos humanos, de multiplicar por vários locais. Em segundo, porque esses mesmos recursos humanos não são infinitos e a sua multiplicação representa também custos consideráveis. Em terceiro, porque a dispersão de cuidados terciários (como é o caso do Hospital) é contrária à prestação das melhores práticas e aumenta exponencialmente os custos. Por último, que o digam os profissionais de saúde que “estão no terreno”, a proximidade da interdisciplinaridade das diferentes áreas do saber, torna muito mais célere a resolução dos problemas, sejam clínicos ou administrativos, com muito melhor conforto e resultados para o doente.

Veja-se o que se passa em Lisboa, onde após se chegar a essas conclusões, uma série de hospitais irão ser encerrados para serem concentrados num único, denominado Hospital de Todos os Santos. Em Guimarães não falta espaço circundante no atual hospital. É preciso é ser ousado e criativo, transformando a enorme extensão de parques de estacionamento automóvel de superfície em parques subterrâneos e erguendo por cima estruturas assistenciais modernas, capazes e humanizadas. Quem, com poder de decisão, não o fizer, ficará por largos anos ligado a um erro estratégico com óbvia repercussão na diminuição dos cuidados prestados à população.

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