A História do Luxo
Luxo, em latim, significa luz e tem na sua génese conceitos de excesso, abundância, opulência e excentricidade. É algo fora do normal e que não é para todos.
Acredita-se que o luxo, enquanto fenómeno sociológico de consumo, remonta aos tempos do Império Romano. Há registos da ostentação exagerada que os imperadores praticavam, desde o ano 27 a.C.
O caráter de exclusividade que o luxo ainda hoje tem deve-se, provavelmente, ao fenómeno das Leis Suntuárias, que vigoraram entre o ano 200 a.C e 475 d.C, que visavam proteger os interesses hierárquicos das classes altas, limitando os hábitos de consumo de classes mais baixas, para impedir que imitassem o consumo dos poderosos.
Mais tarde, o período do Renascimento, entre os séculos XIII e XVII, potenciou o fenómeno do luxo, com as Cortes Italianas a permitirem e a promoverem a ostentação.
O Século das Luzes em França é um marco importante, com o Rei Sol Louis XIV e Colbert, seu ministro de Estado. A França assume-se como a Pátria do Luxo. Florescem as manufaturas de tapeçarias, cristalaria, ourivesaria, joalharia, marroquinaria e mobiliário, com o trabalho de artesão de extrema qualidade, o uso de matérias-primas raras, a fabricação de produtos exclusivos e de alto valor acrescentado.
No século XVIII, o luxo passa da exclusividade das Cortes para a cidade. Assume influência aristocrática, e o gosto é algo que passa a ser cultivado.
Gosto é a capacidade de apreciar beleza e exige cultura. É um conceito altamente elitista e era privilégio da burguesia culta.
No século XIX, o luxo assume maior simplicidade e recebe influência das artes. A autenticidade e simplicidade são elementos de refinamento. Este é o luxo elegante, do dinheiro antigo, que não é para todos e que passa para o século XX.
Novos desafios
Mas no final desse século, o mundo começa a mudar rapidamente, as tecnologias desenvolvem-se, as classes médias ganham poder nos vários continentes e há grandes mudanças sociais. A Europa, mãe do Luxo por excelência, começa a fraquejar. Outras regiões do mundo evoluem e o dinheiro muda lentamente de mãos.
Surge o fenómeno do dinheiro novo, novos consumidores, mais jovens, com poder de compra muito alto, eventualmente sem o gosto educado e a cultura necessária para entender e apreciar o luxo em toda a sua essência.
O luxo, que antes era consumido sobretudo por prazer pessoal, passa a ser consumido mais por afirmação social, num processo de democratização, tornando-se mais massificado, presente em mais geografias, menos exclusivo, mais consumido para ser mostrado e menos para ser entendido e sentido.
Para além desta nova realidade, lentamente surgem novos perfis de consumo, mais exigentes quanto a valores de autenticidade, sustentabilidade e responsabilidade social e emerge assim uma nova mentalidade nos clientes com poder de compra despreocupado.
Simultaneamente, a evolução das tecnologias apresenta também a necessidade de adaptação ao mundo virtual. Um obstáculo complexo, num setor da economia, que tem como pilares a sedução de clientes e a relação personalizada com experiência memorável.
Estes são os desafios, nos próximos anos, desta indústria de exclusividade e refinamento.