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Manta deu palco a “um modo menos formal de ver as artes”

Tiago Mendes Dias
Cultura \ segunda-feira, setembro 11, 2023
© Direitos reservados
Ancorados nas sonoridades de países lusófonos de África, nomeadamente Cabo Verde e Angola, os quatro concertos foram alvo de “uma recetividade forte” do público, vinca diretor artístico do CCVF.

Os mais de 300 espetadores presentes no Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) levantaram-se para dançar aquela que parecia ser a última canção de Nancy Vieira, intérprete que se aventura pelo património musical de Cabo Verde.

Findas as notas provenientes da sua voz e das guitarras que a acompanhavam, a plateia brindou-a com uma demorada salva de palmas enquanto deixava o palco. Havia, contudo, tempo para mais uma canção: “Dona Morna”, uma homenagem a Cesária Évora, peça intimista que convidava à contemplação e, por isso, a uma plateia sentada. O público assim o fez antes de se levantar para uma segunda e derradeira salva de palmas. “A Nancy fez levantar a plateia, as pessoas dançaram e tudo se desformatou. Há esse contágio de ver as artes de um modo menos formal, mais descontraído e cruzado”, vinca Rui Torrinha, diretor artístico da cooperativa A Oficina para as artes performativas.

Assim se deu o epílogo do Manta de 2023, uma edição que se repartiu pelos jardins exteriores, na sexta-feira, e pelo Grande Auditório Francisca Abreu, no sábado. A própria dinâmica dos concertos pareceu adaptar-se aos espaços. Na sexta-feira, a “energia superlativa” de Lura convidou as pessoas a agitarem-se numa noite dançável ao ar livre, que contou ainda com Tristany. No sábado, Aline Frazão, uma das mais reconhecidas intérpretes de Angola, e Nancy Vieira ofereceram “concertos mais intimistas”, num convite à “beleza da viagem interior”, mas com janelas para a celebração. “Apesar de os concertos terem sido intimistas, a parte final terminou em celebração e em festejo. É importante celebrar a vida”, prossegue o responsável.

Para Rui Torrinha, o mais recente Manta foi um exemplo da “beleza imensa que resulta do cruzamento de influências” e das próprias mudanças de Guimarães em termos sociológicos, refletidas na cultura e nas artes. “Sentimos a abertura do público, uma recetividade forte. É sinal forte de uma vivência que sentimos ser caminho a fazer”, vinca.

A abertura a olhares artísticos de outras latitudes promete ser norma na recém-iniciada temporada cultural, sugere ainda Rui Torrinha. E as configurações dos espetáculos também se podem alterar. “A evolução dos programas artísticos em Guimarães tem a ver não só com a natureza da programação, mas também com as configurações, a forma como essa experiência é montada. Há uma possibilidade de abrir relações para outros formatos”, diz, quando se aproxima a comemoração do 18.º aniversário do CCVF, com a coreografia “Cascas d’ovo”, de Jonas & Lander (15 de setembro), o espetáculo que reúne o compositor Gabriel Prokofiev e a Orquestra de Guimarães (16 de setembro), o concerto de Pedro Mafama (17 de setembro) e a estreia de “Palco Principal”, nova peça do coletivo SillySeason.

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