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Vitória SC em mudança. Bom para a saúde mental dos vimaranenses?

Prof. Dr. José Cotter
Opinião \ quinta-feira, março 17, 2022
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Os melhores resultados do clube contribuirão além de muitas outras coisas para uma melhoria do estado psíquico de muitos. Por razões profissionais sei do que falo.

O futebol é das coisas mais irracionais que conheço. Porque move paixões, fidelidades a clubes, transforma os normais comportamentos de muitos, porque faz com que cada simples adepto de bancada seja também um treinador de bancada. Mas a fidelidade ao clube permanece sempre, não se encontrando na maior parte das vezes uma explicação racional para tal.

Em Guimarães, isso é levado ao extremo, porque os adeptos entendem o Vitória como algo de seu, como parte integrante da cidade, de que se habituaram a gostar desde crianças. E simultaneamente o clube confunde-se com a cidade, sendo em conjunto com o património histórico o seu maior embaixador. Tenho para mim que as direções do clube e nomeadamente os seus presidentes tentam
sempre dar o melhor de si próprios em prol de obter os melhores resultados desportivos, que é o objetivo principal de uma agremiação com as características do Vitória.

Além de ter outros, como sejam objetivos educativos, sociais, de ocupação de tempos livres, de prática de exercício físico, por exemplo. Mas o desporto profissional e nomeadamente o futebol prevalecem, e além de se constituírem como a principal fonte de receita essencial para a sobrevivência do clube, são o que verdadeiramente arrasta multidões. Nos últimos anos os resultados desportivos não têm sido os desejáveis, nomeadamente de uma forma sustentada, e têm gerado insatisfação (legitima) da massa adepta, que contestando gera um ruído de fundo perturbador da necessária tranquilidade para quem dirige.

Recentemente, houve eleições para os órgãos sociais e como clube orgulhosamente democrático que é assistiu-se a uma votação massiva que traduz a vontade de uma mudança inequívoca, dando lugar a novos corpos sociais com a esperança que catapultem o clube para patamares por onde já andou mas de que tem estado arredado regularmente desde há anos.

Democraticamente resta dizer: “Sorte aos vencedores, honra aos vencidos”. E esta sorte para que se efetive, é bom que se perceba, implica uma acalmia na contestação permanente, nas políticas do “bota abaixo”, no falar mal apenas por falar. Crítica construtiva, tranquila e educada, será seguramente sempre bem-vinda. Em prol do engrandecimento da instituição que todos os seus adeptos legitimamente almejam. Mas preferencialmente uma crítica desinteressada, nomeadamente que não procure protagonismos pessoais ou interesses materiais obscuros. Os melhores resultados do clube contribuirão além de muitas outras coisas para uma melhoria do estado psíquico de muitos.

Por razões profissionais sei do que falo. Quantos me confessam a sua ansiedade, as noites mal dormidas, o comportamento irascível ou a sua intolerância no convívio social ou familiar por terem dificuldade em conviver com os resultados menos bons do seu clube do coração. Necessitando com frequência de ser medicados. São pessoas que vivem sofregamente o seu clube, e curiosamente não são tão poucos assim.

Daí a tal irracionalidade de que falava no início do texto. Mas é a realidade, e é essa que devemos analisar e considerar. Entendo assim que por razões de cidadania, de civismo e de cumprimento democrático, é fundamental deixar trabalhar os novos corpos sociais para que possam executar o seu programa de uma forma focada, sem dispersões ou atropelos, para que o mais cedo possível possam obter os melhores resultados tão ansiados por todos.

Porque novas ideias precisam de tempo para terem resultados, e ter alguma paciência será aqui “remédio santo”. Desta forma também se contribuirá para um melhor estado emocional de muitos que sofrem pelo seu clube, ao mesmo tempo que se engrandecerá o nome do Vitoria Sport Clube e da cidade de Guimarães.

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