Uma vacina salvadora
O problema da vacina contra a covid-19 tem sido um tema algo controverso e muito debatido nos últimos meses. Quiçá excessivamente, porque de uma forma anárquica se têm misturado argumentos científicos, políticos, económicos e alguns alusivos ao regime democrático em que felizmente vivemos. Mas também muita desta controvérsia resulta da informação deficiente que tem sido fornecida a algumas pessoas, muitas vezes associadas à dificuldade de selecionar a qualidade dessa informação, o que finalmente pode resultar numa opinião desajustada da realidade.
Pragmaticamente importa esclarecer que fazer ou não fazer a vacina comporta-se como dois pratos de uma balança. De um lado, ao tomar a vacina, o cidadão não só fica fortemente protegido da infeção, como diminui extraordinariamente a sua eventual capacidade de contágio, se for contaminado por uma variante terá apenas uma infeção e sintomatologia leves, podendo estar incomparavelmente mais seguro para as tarefas do dia a dia, para si próprio e para os outros com quem contacta.
Pode perguntar-se se o risco da vacinação não será grande, tendo em consideração que as vacinas foram comercializadas em tempo recorde. Hoje, após milhões de vacinas administradas mundialmente, pode afirmar-se com segurança que as vacinas são MUITO seguras, com uma taxa de reações alérgicas que ocorre em menos de uma por cada dez mil administrações. E que uma simples reação adversa ocorre em menos de uma por cada mil administrações efetuadas.
Por outro lado, para quem não se vacina, a situação é significativamente diferente. Importa referir que quando se inicia uma infeção por covid-19, ninguém pode dizer ou sequer prever se a infeção vai correr bem (praticamente sem sintomas), razoavelmente (com mais ou menos sintomas mas com recuperação final) ou se vai correr mal ou muito mal (com sintomas graves, falta de ar desesperante, necessidade de ventilação assistida ou mesmo morte). Ora este panorama e esta incógnita não são de todo entusiasmantes. Mas representam a verdade dos factos e espelham os riscos de quem não é vacinado.
Portanto, em suma, não ser vacinado comporta um risco elevado para o próprio e para todos os que com essa pessoa contactam. O que transforma o problema numa situação de saúde publica, já que ninguém é culpado da teimosia de alguns que põem em risco a vida de uns quantos. Lembro que desde Janeiro/2021 até à presente data, apenas 1% das mortes por covid-19 ocorreram em doentes que estavam com esquema de vacinação completo. O que é eloquentemente demonstrativo da eficácia vacinal!
Um última nota sobre uma questão lateral, mas que não deixa de ser importante. Como atrás ficou dito a infeção por covid-19 tornou-se um problema de saúde pública. Em democracia, coartar a liberdade de escolha do cidadão só é justificável em situações absolutamente limite. Mas torna-se imprescindível que as populações estejam bem e assertivamente informadas.
Nesta questão grave da infeção por covid-19, a mera teimosia de alguns não é por si só um argumento razoável. Devemos reger-nos por normas emanadas pelas autoridades oficiais nacionais e internacionais, senão ninguém se entenderá. Lembro que existe um programa nacional de vacinação obrigatório que é cumprido e que ninguém reclama. Porque é para benefício da população.
Veremos no futuro se esta mesma vacina anticovid-19 não será integrada no mesmo. Em situações não tão graves (como é o exemplo da vulgar gripe sazonal), as pessoas fazem a vacinação conforme recomendado (anualmente), nomeadamente nos escalões etários aconselhados. E ninguém procura constantemente fazer testes para ver se está infetado, porque tem a segurança de antecipadamente se ter vacinado.
No momento atual, em que ainda não existe um tratamento específico e eficaz para a covid-19, apenas uma vacinação generalizada da população permitirá de uma forma eficaz controlar a doença. Caso contrário, continuaremos a viver tempos de incerteza, muito ingratos e de sacrifícios. Fazer a vacina contra a covid-19 é pois um dever de cidadania!
Nota: Artigo de opinião publicado originalmente na edição #05 do Jornal de Guimarães em Revista, a 13 de agosto de 2021