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Uma questão de bom senso

Francisco Brito
Opinião \ terça-feira, fevereiro 06, 2024
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Para contrariar quem vive da divisão e da descrença a solução é acreditar na liberdade e no sistema que a defende.

Há dias, ao consultar um folheto publicado em 1836, encontrei um pensamento curioso: “O excesso de movimento social decompõe as nações, assim como a falta do mesmo movimento as prolonga na sua infância”. A frase, publicada num período conturbado da história de Portugal, podia ter sido escrita hoje.

A vida política portuguesa vive um momento de grande agitação e há certos riscos que devemos ter em conta. O descontentamento com os protagonistas políticos está a por em causa o sistema e as suas instituições. Numa democracia a exigência é a constante, ao passo que nos regimes autoritários a constante é a obediência. Serve este lugar-comum para explicar uma das razões do desgaste das democracias liberais e a ascensão daqueles que as pretendem descaracterizar ou destruir. Exigimos cada vez mais (o que é legítimo) e ficamos descontentes quando o sistema falha ou não consegue dar uma resposta imediata.

O que fazer?

Socorro-me novamente do passado e recorro a Chesterton para propor uma solução. No seu livro “Ortodoxia” o autor afirma que num dado momento da sua vida já não acreditava nos liberais, mas que acreditava no liberalismo. Isto é que acreditava no sistema (ou nas ideias que o sustentavam), mas não nos seus agentes. Explicava ainda que as coisas mais importantes deviam ser deixadas ao comum dos homens pois isso era a democracia. E que o primeiro princípio da democracia é que as coisas essenciais nos homens são aquilo que possuem em comum e não as coisas que possuem separadamente.

Quando no passado houve momentos de descrença nas democracias liberais (e nos políticos moderados) ganharam força os movimentos extremistas que, nessas ocasiões, souberam jogar com o que divide a população e desvalorizar aquilo que as sociedades possuem em comum.  Sempre que os radicais chegaram ao poder acabaram por defraudar a sua base de apoio e tornaram-se um problema, nunca uma solução.

Para contrariar quem vive da divisão e da descrença a solução é seguir Chesterton e acreditar na liberdade e no sistema que a defende. Podemos até não confiar inteiramente naqueles que o representam, mas temos de acreditar naquilo que representam.

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