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Todos somos vimaranenses 

Francisco Brito
Opinião \ quarta-feira, setembro 18, 2024
© Direitos reservados
Devemos condenar aqueles que ameaçam quem aqui vive e trabalha. E lembrar-lhes que todos somos vimaranenses: os que aqui nasceram e os que aqui escolheram viver.

As notícias de práticas racistas, xenófobas e de crimes contra imigrantes sucedem-se a um ritmo preocupante.

Em finais de Agosto, Guimarães foi palco de acções xenófobas por parte de um grupo de extrema-direita (que aqui terá criado um núcleo) que andou a grafitar as casas e lojas de imigrantes (repetindo o que já havia feito em Janeiro). Em Braga, a divulgação do “Dia do Brasil” nas redes sociais foi alvo de inúmeros comentários insultuosos para a comunidade brasileira ali residente. Mais recentemente, no Porto, um indivíduo esfaqueou dois imigrantes após proferir insultos racistas.

No dia 5 de Outubro um grupo de extrema-direita vai manifestar-se em Guimarães.  A situação é grave e é triste. É grave pois o discurso que este movimento (e quem o apoia) veicula põe em risco a segurança e a vida dos imigrantes que aqui vivem e trabalham. E é triste pois a invasão dos ditos “nacionalistas” à nossa cidade tem por objectivo a apropriação do capital histórico e simbólico de Guimarães para legitimar actos de ódio, violência e de vandalismo.

É um pouco difícil saber o que fazer numa situação como esta. Ir para a rua nesse dia é dar visibilidade a quem não a merece (e pode contribuir para o escalar da violência, um cenário onde quem sofre são sempre os mais desprotegidos). Ficar calado poderá ser interpretado como um gesto de cumplicidade ou anuência, ainda que o silêncio seja também uma arma poderosa.

Na minha opinião resta-nos condenar aqueles que ameaçam os nossos concidadãos que aqui escolheram viver e trabalhar e que nós queremos acolher e integrar. E lembrar-lhes que vimaranenses são todos os que aqui nascem ou escolhem viver. Cabe-nos também continuar a viver o nosso dia-a-dia como queremos. Com aquela liberdade e normalidade que assusta os extremistas e os radicais. E, se possível, rir daqueles que julgam que podem instrumentalizar a nossa história e identidade ao grafitar as paredes das casas de quem aqui vive e trabalha. 

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