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Será o ‘jornalismo desportivo’ diferente do ‘outro’?

Carlos Rui Abreu
Opinião \ sábado, novembro 23, 2024
© Direitos reservados
Fazer jornalismo na área do desporto é um exercício bastante complexo já que alia a emoção, a informação e a análise crítica de um setor onde praticamente todos os que o consomem pensam dominar.

Desde que me conheço como gente que sempre quis ser jornalista na área do desporto. Como ponto prévio a esta prosa devo, desde já, referir que não me revejo na designação ‘jornalista desportivo’, da mesma forma que não há jornalista político, económico, judicial, religioso ou outro. Há jornalistas que, em determinados períodos das suas carreiras são mais especializados nesta ou noutra área.

Fazer jornalismo na área do desporto é um exercício bastante complexo já que alia a emoção, a informação e a análise crítica de um setor onde praticamente todos os que o consomem pensam dominar. Desde logo, por isso. Mexe com as emoções, desperta paixões intensas, e o jornalista tem de estar preparado para estar imune a tudo isso.

Já imaginaram a última conferência de imprensa de António Costa antes da partida para Bruxelas, para um alto cargo da União Europeia, e ser confrontado com uma pergunta onde o jornalista diz que tem em sua casa duas mulheres a chorar porque Portugal o vai perder como político? Onde os jornalistas, no final da conferência, se abeiram de António Costa para lhe pedir autógrafos ou para tirar uma foto para as redes socais? Inimaginável, certo?

Estes exemplos que atrás referi aconteceram na última conferência de imprensa de Ruben Amorim como treinador do Sporting, em Braga. Estava na sala e corei de vergonha. Jornalistas que deixaram cair a máscara da profissão para mostrarem a cara do clube dos quais são adeptos. Uma mancha para a classe embora todos saibamos que por essas salas de imprensa do nosso país pululam muitos colaboradores de órgãos de comunicação social, com a respetiva carteira de ‘colaborador’, que atropelam as regras básicas que os profissionais tentam honrar.  

De que forma isto se muda sem radicalismos? Não tenho sequer uma ideia razoável. Correndo o risco de muitos considerarem este texto petulante quero deixar aqui a abertura para um debate que deve ser amplificado a várias correntes de pensamento sobre este tema. Muito há a explorar. Será que os repórteres das televisões dos clubes deveriam ter carteira? Respeitam os ‘mandamentos’ base da profissão? Considero que não mas é apenas uma visão de quem gosta de respeitar todas as partes em contenda. Mas estes exemplos são apenas dois de um tema que deveria ser muito mais aprofundado.

O jornalismo desportivo exige uma grande preparação emocional para que não se comprometa a imparcialidade e a ética jornalística. Num relato de rádio, por exemplo, o ouvinte ‘exige’ paixão e emoção, não quer uma narração monocórdica do que está a acontecer. Esta é a fronteira ténue entre o produto informativo ou de entretenimento em que uma narração desportiva se embrulha.

Venha o debate de ideias.

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