Roupa Velha
A metáfora, cunhada por Carlos Caneja Amorim, apropria-se à época festiva que se vive entre os socialistas.
Na política há um tempo para discutir, um para decidir e outro para atuar. O PS em Guimarães atualmente só tem fôlego para o primeiro tempo. E para além dos exemplos já retratados no meu artigo de Novembro, o dealbar de 2023 soma-lhe mais alguns. A necessidade de repetir a eleição para a liderança da bancada parlamentar na Assembleia Municipal por dissidência entre o governo de Santa Clara e o partido é paradigmático do confronto instalado. Vai responder o partido com uma conferência na área da saúde para apoucar as preocupações do executivo sobre uma eminente perda de influência referencial dos cuidados públicos que se prestam na cidade. Esta perda de influência também já corre nos meios jurídicos por não se arrancar com a obra do nosso "Campus da Justiça". Na ferrovia ficamos a ver os comboios a passar. E nas verbas a conceder no tão propalado PRR nem esticando o pescoço vemos Famalicão ou sequer Braga.
Guimarães coleciona derrota atrás de derrota.
Afinal, do que padece o PS de Guimarães? O diagnóstico é simples: sobranceria; falta de uma ideia de cidade; falta de liderança.
A sobranceria de ter como certa a vitória nas próximas autárquicas - como se os votos estivessem registados notarialmente - deixando o governo de lado para se dedicarem exclusivamente às querelas partidárias é uma evidência trágica para o concelho. A ausência de um desígnio que nos faça imaginar Guimarães a 10 anos, amolece o espírito positivamente combativo dos vimaranenses. E tudo por falta de liderança. Não há rei nem roque! Nem manda Bragança, nem Adelina, nem Costa. Enquanto isso, outros fazem o que lhes dá na real gana. A Vitrus paga mais um salário aos trabalhadores na época festiva. Ótimo. E os outros trabalhadores municipais? Nada! Posição do PS que afinal é quem governa? Ninguém sabe. A descoordenação política é evidente com prejuízos vários para a motivação dos trabalhadores municipais, enquanto Guimarães pára para ver a zaragata socialista. Assim, não dá! Ou os vimaranenses tomam conta do assunto ou, em 10 anos, Guimarães empobrece de tal forma que quem cá nasceu terá de partir. Parece ser o que indicam os números decrescentes de habitantes por comparação com os vizinhos.
Quem não se resignar com isto tem obrigação de erguer a voz, em nome do patriotismo de cidade.