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Rodrigo Areias, o “Asterix” do cinema

Alfredo Oliveira
Opinião \ quinta-feira, fevereiro 15, 2024
© Direitos reservados
Rodrigo Areias tem ainda em mente “o maior projeto que farei em vida, se conseguir”, que é retratar o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques.

O destaque desta edição vai para a “Gália” do cinema que existe em Guimarães. Tal como nas histórias do Asterix, existe uma cidade povoada por irredutíveis cineastas que resiste ainda e sempre ao invasor centralizador de Lisboa.

Se o Cineclube tem marcado gerações, iniciado por outra figura incontornável da cultura vimaranense, Santos Simões, o destaque atual vai para o cineasta Rodrigo Areias e o seu Bando à parte. Guimarães tem hoje a maior indústria de produção de cinema no Norte do país e uma referência a nível nacional.

Em transposição para série de TV, com cinco episódios, está o livro “25 Guimarães – Daqui Houve Resistência”, de César Machado.

Rodrigo Areias tem ainda em mente “o maior projeto que farei em vida, se conseguir”, que é retratar o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques e, como refere, num horizonte mais largo, “a pensar em 2028 para se celebrar os 900 anos da Batalha de São Mamede”.

 

É usual dizer-se que Portugal é um país de emigrantes. Desde a primeira onda da globalização, geralmente designada por expansionismo mercantilista (séculos XV a XVIII, na qual Portugal foi principal ator), que os portugueses se espalharam por mares e por novas terras desconhecidas dos europeus, período em que os portugueses e demais europeus conquistaram e dominaram territórios espalhados pela África, pelas Américas e pela Ásia.

Desde essa altura, durante séculos, foram mais os portugueses que saíram do país do que os estrangeiros que entraram pelas nossas fronteiras. Como se pode ler no site do Alto Comissariado para as Migrações, “Portugal é hoje o país da União Europeia com mais emigrantes em proporção da população residente”, traduzindo-se em cerca de 20% dos portugueses a viver fora do país em que nasceu.

Por vezes, temos de recorrer à história para nos lembrarmos do que já fomos e somos. Em Guimarães, poderemos talvez afirmar, não haverá ninguém que não tenha um familiar que já foi ou é, atualmente, emigrante. Nos anos mais recentes, o saldo migratório inverteu-se e assiste-se também à vinda de imigrantes de outras regiões do mundo que não as tradicionais.

Em Guimarães, também gostamos muito de utilizar o “Somos únicos” e, constantemente, relembrar que somos “O berço da nação”. Dizendo isto, como podemos tolerar a intolerância para com os imigrantes que chegam a Portugal e mais concretamente a Guimarães à procura do mesmo que os portugueses procuram noutros países?

 

Fica o convite para o leitor se deslocar a um cinema perto de si, para assistir à mais recente longa-metragem de ficção, de Rodrigo Areias, “O pior homem de Londres”, ou esperar pelo dia 25 deste mês e ir ao CCVF, onde o Cineclube fará essa reposição.

Boas leituras e bom cinema.

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