Reconhecer o Estado da Palestina
A opressão de Israel sobre o povo palestiniano tem mais de meio século e agravou-se nos últimos meses. Gaza foi, durante vários anos, uma prisão a céu aberto, onde todas as entradas e saídas, de pessoas e bens, eram totalmente controladas por Israel. Agora, transformou-se num cemitério a céu aberto. Além do genocídio da população, com mais de 30 mil pessoas mortas, todo o território está a ser dizimado. As Nações Unidas apontam que mais de 80% dos edifícios no norte foram destruídos. Ou seja, os milhares de deslocados que fugiram da morte não terão para onde regressar. A reconstrução demorará anos e custará milhares de milhões.
Com tremenda hipocrisia, os Estados Unidos e outros países europeus têm alertado o governo de Telavive para a catástrofe que esta guerra representa. No entanto, ao mesmo tempo, continuam a fornecer as balas que matam os palestinianos e os misseis que destroem as suas casas. Se houvesse realmente vontade de terminar o conflito, bastava a estes países interromper definitivamente as exportações de armamento. Quem realmente quer a paz, usa todos os instrumentos para a conseguir.
É precisamente essa exigência de paz que tem levado a inúmeras manifestações nas universidades um pouco por todo o mundo. Os estudantes têm usado o seu direito à liberdade de expressão e manifestação para exigir o fim da guerra e o reconhecimento do Estado da Palestina. Estranhamente, as instituições têm reprimido estas iniciativas. Nos Estados Unidos da América, milhares de estudantes foram detidos. Na Alemanha, académicos têm sido impedidos de entrar no país e de dar conferências. Há situações semelhantes em Valência, Espanha, e no Canadá e Austrália. O motivo invocado é sempre o mesmo: antissemitismo.
Porém, o que realmente se assiste não é pessoas contra judeus, ou contra o judaísmo. Inclusivamente, muitos destes estudantes e académicos são judeus. Os apelos são a favor da proteção dos civis palestinianos e contra a opressão do estado de Israel, que usa o fanatismo religioso para justificar a inexistência dos palestinianos e da Palestina. Não se entende, por isso, de que têm medo estes governantes ocidentais quanto à expressão popular nestas instituições universitárias.
O reconhecimento do Estado da Palestina é urgente. A Assembleia da República já aprovou uma resolução nesse sentido, pelo que caberá ao Governo dar continuidade a este processo. O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, deve usar a sua influencia a nível europeu para instar também os seus congéneres a seguir este caminho. Ao mesmo tempo, os produtos e serviços provenientes de empresas israelitas que apoiam a guerra devem ser boicotados.
Esta parece ser a única solução justa para este conflito, e Portugal deve fazer tudo que está ao seu alcance para que os colonos israelitas libertem os territórios ocupados na Cisjordânia e terminem os bombardeamentos sobre Gaza. O povo palestiniano merece viver em liberdade e paz. As crianças precisam de esperança num futuro prospero.