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Praias acessíveis, por um verão mais inclusivo

Ruthia Portelinha
Opinião \ sábado, agosto 21, 2021
© Direitos reservados
Em 2021, Portugal tem 223 praias acessíveis, o que representa 35% das zonas balneares. Mas mobilidade reduzida ou necessidades especiais não deviam significar experiências de lazer limitadas.

O último editorial do Jornal de Guimarães recordava, com alguma nostalgia, os verões de outrora na Póvoa de Varzim. Agosto é (ainda) mês de mergulhos e gelados, de pores do sol cinematográficos e esplanadas, numa das centenas de praias deste país que costumamos descrever como “à beira-mar plantado”.

Portugal tem tradição como destino de sol e mar, ancorada em cerca de 850 quilómetros de costa atlântica. “Uma extensa costa, onde todas as praias têm areia branca e fina, um verão longo e muitas horas de sol distribuídas pelo ano inteiro fazem de Portugal um destino natural de férias” – recorda o Turismo nacional.

A escolha de uma praia, de mar ou rio, pode ser influenciada por vários fatores. Pessoalmente, privilegio a qualidade garantida pela “Bandeira Azul”. Outro prémio relevante, que em muito contribuiu para a distinção de Portugal como Destino Turístico Acessível 2019 pela Organização Mundial do Turismo, é o de “Praia Acessível”. 

Lançado em 2005, na sequência do Ano Europeu das Pessoas com Deficiência, o seu objetivo central é dotar as zonas balneares de condições que permitam o seu uso universal, promovendo o cumprimento da legislação sobre acessibilidade e da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ratificada por Portugal em 2009).

No fundo, trata-se de assegurar que cada vez maior número de praias tenha condições de acessibilidade e de serviços que permitam a utilização, com equidade, dignidade, segurança, conforto e autonomia, por todas as pessoas que as desejem visitar, independentemente da idade, de dificuldades de locomoção ou outras incapacidades, transitórias ou permanentes.

​Os critérios de atribuição integram um conjunto de acessos, como passadeiras no areal, sanitários e posto de socorro acessíveis, bem como estacionamento adequado. Mas para ser considerada praia acessível não é obrigatório, apenas recomendado, a existência de cadeira anfíbia. Por exemplo, uma das praias fluviais acessíveis do distrito de Braga tem cadeira anfíbia, mas o serviço de apoio ao banho, a cargo de voluntários, exige marcação por email com 24 horas de antecedência (72 horas aos fins de semana). 

Em 2021, Portugal tem 223 praias reconhecidas como acessíveis, o que representa apenas 35% do total de zonas balneares. Mas mobilidade reduzida ou necessidades especiais não deviam significar experiências de lazer limitadas. Uma sociedade moderna e solidária é aquela que integra todos os cidadãos.

Se isto não for motivação suficiente, acrescente-se que, segundo dados do Turismo de Portugal, a Europa representa um mercado de 90 milhões de turistas com necessidades específicas de mobilidade e previsões de 22% da população mundial ter mais de 60 anos em 2050. Talvez se perceba então a oportunidade de negócio para cidades, hotéis, restaurantes, enfim, toda uma panóplia de operadores turísticos.

Praias acessíveis a todos os turistas, amigos e familiares não tornarão os verões ainda mais felizes e coloridos?

 

Imagem gentilmente cedida pela Sofia Martins (JustGo by Sofia). A blogger que se desloca em cadeira de rodas tem encontrado casos exemplares de acessibilidade, também em praias espanholas.

Ruthia Portelinha | Blog O Berço do Mundo

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