Plano de Gestão 2021-2026: um novo desafio para o Património
Recentemente foi apresentado para discussão pública o “Plano de Gestão 2021-2026” do Centro Histórico de Guimarães e Zona de Couros. A inscrição da Zona de Couros na lista de Património Cultural da Humanidade estava, em certa medida, dependente da existência de um “Plano de Gestão” da área já classificada e constitui para todos os vimaranenses o ponto alto deste projecto. A ligação entre aquilo a que hoje denominamos “Centro Histórico” e a Zona de Couros (área de trabalho e de indústria em espaço urbano) é indissociável e a cidade, enquanto conjunto, não pode ser explicada sem estas duas dimensões aparentemente distintas, mas essencialmente complementares. A preservação do património existente em Couros e a sua articulação com o “Centro Histórico” é, agora, uma realidade que engrandece Guimarães, não só através do reconhecimento da sua riqueza patrimonial, mas também pela nova leitura da cidade que se torna possível (ou mais fácil) através deste processo.
Mas se a futura inscrição de Couros como Património Cultural da Humanidade é, do ponto de vista simbólico, a expressão mais importante deste trabalho, o “Plano de Gestão” propriamente dito é, do ponto de vista prático, o maior desafio que nos é proposto. E é-o porque se trata de um documento de indubitável qualidade, feito com um rigor e minúcia que revela um profundo conhecimento da zona histórica de Guimarães (chamemos-lhe assim) e dos seus variados problemas, o que permitiu levantar uma série de questões pertinentes.
O conhecimento em detalhe de uma determinada zona da cidade que o documento reflete tornou possível recolher e elencar inúmeros dados e, através deles, perceber quais as fragilidades e problemas do perímetro urbano em análise. Nesse sentido foram apresentados dezenas tópicos (ou pontos de trabalho) que abordam e apresentam soluções para temas tão diversos (e importantes) como a mobilidade, a habitação, a presença de xilófagos nas madeiras das habitações, a questão da água, a conservação do património, a sustentabilidade, o turismo, o comércio, o ruído, ou a prevenção de incêndios.
Se fosse possível dispor de recursos e de condições ideais, este Plano de Gestão seria, por si só, a solução para grande parte dos problemas do agora alargado Centro Histórico. Como infelizmente tal não se afigura creio que, num futuro próximo, caberá a quem aqui vive e trabalha, a todos os vimaranenses e à Câmara Municipal de Guimarães, pegar nos pontos propostos pelo Plano de Gestão e elencá-los de acordo com uma ordem de prioridades que a comunidade entenda estabelecer.
Estou certo que os vimaranenses, pelo orgulho que têm na sua cidade e pela forma como acarinham o seu património, não vão virar costas a este desafio.