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Ou me tenho portado mal ou o Pai Natal não é para missões impossíveis

Carlos Rui Abreu
Desporto \ sábado, dezembro 23, 2023
© Direitos reservados
Gostava de ver os nossos clubes com gestores mais profissionais e com relações salutares entre rivais, a zelarem pelo bem comum da modalidade.

No Natal de 2021 escrevi, através desta coluna de opinião, uma carta aberta ao Pai Natal onde formulava os desejos para 2022. Volvidos dois anos nada do que eu pedi ao velho barbudo se concretizou. Tal como dizemos às crianças só teremos o que pedimos se nos tivermos portado bem ao longo do ano. Por isso concluo que não devo andar a comportar-me pelos padrões exigidos pelo habitante mais popular da Lapónia ou, e aqui ilibo-o, o Pai Natal não está muito interessado em gastar as suas energias em missões impossíveis.

Por se manter atual, talvez cada vez mais, reenvio a carta ao Pai Natal, escrita em 2021:   

“Querido, Pai Natal.

Apelo aos teus incríveis poderes para que me ajudes numa missão que para os seres humanos normais é impossível de colocar em prática. Sabes que, aqui por Portugal, como um pouco por todo o mundo, o desporto é algo que mexe com a sociedade e com a nossa forma de viver e conviver.

Há, como já deves ter percebido, uma modalidade que é considerada rainha e que, pela adesão popular que tem, seca tudo à sua volta. Chama-se futebol e não se fala de outra coisa. Será possível fazer com que as atenções mediáticas, a canalização de investimentos financeiros, também abranjam outras, de igual forma espetaculares? Sabes, Pai Natal, já somos dos melhores do mundo em algumas modalidades, mas o nosso povo só pensa mesmo em futebol.

E aí também precisávamos que intercedesses para que no próximo ano tudo pudesse ser diferente. Sabes, adoraria ver nos estádios adeptos dos dois clubes, juntos, em confraternização, sem terem de estar separados por polícias armados até aos dentes. Sim, daqueles que vemos na televisão em cenários de guerra e grandes conflitos. Têm de ir todas as semanas ao futebol porque as pessoas não percebem que aquilo é só um jogo e nada mais. Gostava de ver os nossos clubes com gestores mais profissionais e com relações salutares entre rivais, a zelarem pelo bem comum da modalidade. Seria bom que exterminasses os parasitas e sanguessugas que pairam em redor da indústria do futebol. Se não for pedir muito, um desporto que seja mais notícia pelo que se passa no relvado do que pelas buscas da PJ nos gabinetes. E, para não tornar esta lista utópica, faz com que a comunicação social que se debruça sobre o futebol seja mais formativa e informativa e menos incendiária. Sabes, Pai Natal: se tu conseguisses isto tudo eu fazia com que toda gente no mundo passasse a acreditar em ti”.

Festas Felizes para todos os leitores.

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