O Castelo
Como antevia, no meu último artigo, a crise política em que o PS mergulhou o país teria consequências na política vimaranense, quer na escolha dos futuros deputados da terra, quer nos candidatos autárquicos.
O caso mais crítico – pelo reflexo que tem no partido motor da oposição local – situa-se no PSD.
Se é sem surpresa que a atual direção deixa cair Coelho Lima – do mesmo modo que a anterior deixou cair Emídio Guerreiro –, também não é de basbaque que se encara a indicação de Ricardo Araújo como sua escolha para o parlamento nacional. Figura próxima de Montenegro (desde a primeira hora), Araújo tem uma forte experiência gestionária e mundividência local, regional, nacional e internacional que o colocam no perfil adequado para deputar. Será bom para Guimarães.
Como dizia o pragmático Paulo Portas, num partido de pequena dimensão, “um político não anda a dois carrinhos”, i.e., não dispõe de omnipresença autárquica e nacional: ou é carne ou peixe. Defendia o Estadista que, para lá da questão ética evidente, a dupla escolha do mesmo personagem antevia a derrota anunciada, pelo próprio, para uma das proposituras e ademais, a falta de quadros no partido, o que desaguava numa parca adesão social sobretudo entre as elites, ou seja, quem pensa bem não se aproxima de quem vai perder, ou de quem seca tudo à volta. E se isto já era assim há 10 anos num partido pequeno, escusado será enunciar o raciocínio hipotético-dedutivo num partido grande.
Dito isto, o PSD local regressa à estaca zero no que concerne ao protagonista que mobilize o espaço “não socialista” na candidatura ao município de Guimarães.
Ricardo Costa e o PS local partem pois à frente. Independentemente dos flagrantes erros gestionários, gozam de um socialismo endémico da comunidade local. Acresce que Ricardo Costa, que se engasgou na liderança inicial ao ficar fora-de-jogo nas escolhas de Bragança neste mandato autárquico, não abdicará da “fria razão” para se tornar “todo-poderoso”. Cairá Luís Soares – que apostou no cavalo errado para Secretário-Geral – que ficará nas suas mãos para eventual uso em menores papéis autárquicos. Indicará para deputado alguém próximo da sua entourage – entre Paulo Renato Faria e Francisco Teixeira - por óbvias razões de confiança, maturidade e consistência política interna e externa, mas sobretudo para não perder o veio de ligação e influência nacional com o líder do partido que, a acontecer, seria a sua “morte”.
E será piedoso com o “cristão-novo pedronunista” Bragança, a quem concederá algumas benesses pessoais (Torrinha e Paulo Lopes Silva p.e.) na futura candidatura autárquica. Se não falhar – o que não é líquido, já que nada se lhe conhece de pensamento político estruturante, o que pode revelar uma impreparação fatal - desta feita, arrancará, com velocidade rumo a Santa Clara.
Já o PSD tem de se decidir. Num cenário em que Emídio Guerreiro vigore no próximo Governo de Portugal (Rui Armindo Freitas pode, igualmente, aparecer pelas escolhas de S. Bento), ficando, por essa via, fora da equação, são plausíveis duas hipóteses: um independente, mobilizador, com “cheiro a vitória” e que entre no eleitorado do PS, como Júlio Mendes, ou a capitalização do ativo político gerado em torno de Coelho Lima que – pelo percurso desenvolvido – pode vencer.
Depois do “Processo”, veremos o que se passa n´”O Castelo”. Até lá, um Santo e Feliz Natal!