Oportunidade para melhorar…
Escrevo estas palavras com distância temporal nunca experimentada sobre o prazo definido para a sua apresentação. E escrevo, não porque algum tema específico invada o meu interesse particular ou preencha a minha atenção ou exclusividade, mas simplesmente, por mero exercício de risco e experimentação sobre se a antecipação da escrita não é ultrapassada pela voracidade dos dias e da mudança (que não conhece interrupção e sobreposição ao quotidiano).
Guimarães e o país imergem em novo contexto eleitoral, conhecendo nova pulverização do espaço público, seja físico ou vivido, seja social ou percepcionado, seja audiovisual ou digital, com mensagens e promessas ditas políticas, partidárias e eleitorais, com os rostos daqueles que se apresentam com intenção, vontade e interesse de representar a população e, em seu nome, gerir e cuidar de tudo o que à mesma diz respeito, com reflexões, comentários, debates e entrevistas para melhor conhecer e entender, para melhor optar e decidir, ou seja, votar!
Este tempo electivo é, pois, tempo de balanço e promessa, avaliação e compromisso, confronto e esperança, os quais deveriam colocar a todos nós duas inevitáveis interrogações: teremos sido nós capazes? Seremos nós capazes?
O balanço dos últimos quatro anos será feito centrado nos grandes protagonistas políticos e institucionais adicionados ao seu passado e, sobretudo, ao legado que se identifica para o futuro. Todavia, também será feito em função de todos nós, se exercemos correcta e devidamente o nosso dever e poder de cidadania. Ou seja, se marcamos presença quando deveríamos, se acrescentamos quando poderíamos… A escolha será feita sobre aqueles que se projectam, não excluindo o passado que carregam, mas, sobretudo, valorizando a esperança que formulam. Todavia, também se deverá ter em conta o quanto esta(re)mos disponíveis para participar e ajudar. Para ser e estar, e não, simplesmente, para usufruir e aproveitar.
Os “slogans” repetir-se-ão até à exaustão, na certeza de que não será por tal que, no caso, Guimarães, registará afirmação, mudança, transformação ou o que seja… Seguramente, não será por causa desta repetição, até porque, ao longo da sua história, Guimarães já registou afirmação, já foi alvo de transformação, já sofreu mudanças… nada de novo num carrocel cíclico de conquistas e dificuldades ineludível e próprio de cada cidade. As “figuras” substituem-se e sucedem-se, não se apagando da história formal e institucional, instalando-se com vivacidade ou adormecendo na memória da comunidade em função do seu valor, legado e lastro de benfeitoria deixados. As “promessas” transformadas em compromisso autárquico fixam-se, e essas serão alvo de futuro escrutínio, aplauso e crítica. E comparação com aquelas que foram e com aquelas que poderiam ter sido!
Embora sabendo o risco de o momento ser saturante – tantos ciclos eleitorais recentes e calendarizados – o mesmo é exigente e importante, porque, mais uma vez, se traduzirá numa escolha. E numa escolha que depende de cada um de nós e que condicionará todos nós! Não é indiferente a escolha, da mesma resultando efeitos e consequências diversos!
O passado assim nos mostra! O futuro não o negará! No presente, façamos o devido: prestemos atenção, participemos no processo, exerçamos o nosso dever cívico, com a certeza de que, assim, seremos cidadãos plenos!
Podemos estar desiludidos e desesperançados, saturados e cansados, desacreditar e desconfiar, não compreender tantas decisões e não crer em tantas palavras repetidas, prometidas e não concretizadas, mas nada como olhar para a frente e, no caminho a percorrer, das memórias ver fervilhar sonhos, acreditando que o dia seguinte será sempre uma oportunidade para melhorar. Na verdade, é sempre este verbo que interessa e nos deve preocupar: melhorar. Melhorar com sabedoria para todos servir! Sem excepção!
