A 2.ª volta e o futuro
O Vitória inicia a 2ª volta da liga com grandes incertezas em relação ao que será o cumprimento dos seus objetivos desportivos e económicos.
No lado bom está apenas a três pontos do Casa Pia e a dois do Arouca, desvantagens matematicamente recuperáveis para alcançar o quinto lugar final – objetivo da época. Tem um plantel de jovens que podem ser valorizados, ainda nestes dias finais de janeiro ou em junho, no mercado internacional – André Amaro, Bamba, Maga, Nelson da Luz, Bruno Varela –, permitindo atingir as metas do plano de reestruturação económica aprovado pela assembleia da SAD ainda na gestão de Pinto Lisboa, há cerca de um ano. Está a comemorar um centenário de vida com envolvência de muitos sócios, antigos atletas, crianças das escolas de todo o concelho, o que faz acreditar num clube de futuro muito enraizado na comunidade, condição fundamental para continuar a corresponder à condição de “histórico” do futebol português.
Mas há também nuvens negras.
A equipa demonstrou nos últimos jogos uma preocupante queda, muito pela fragilidade do meio-campo reduzido a Dani Silva e Janvier, ninguém no banco, com incapacidades de André André (sobrevivente da conquista da Taça de 2013 que não pode durar sempre) e pela não recuperação de Tiago Silva.
Se, nestes dias finais de janeiro, a preocupação da administração é vender para cumprir as obrigações financeiras, também parece necessário contratar para um meio-campo sem substitutos e sem jovens da B a afirmarem-se.
Aliás, um dos grandes fracassos da época é a quase certa descida da equipa B ao Campeonato de Portugal, o que vai fragilizar as promoções para a A, dada a diminuição de intensidade competitiva desse campeonato já só de quarto nível nacional.
Não parecem fáceis os desafios no 2º ano do mandato da presidência de António Miguel Cardoso.
O que faz temer que possa vir a ser mais um presidente sem recondução, fragilizando uma continuidade diretiva, base fundamental para o regresso aos sucessos da história vitoriana. Mudando de líder de três em três anos, o Vitória fragiliza-se no poder do futebol, não cria experiência de gestão nem relações no topo dos poderes da Liga e da Federação, e o nome do VSC, construído nos últimos 60 anos, desde a afirmação de “4.º grande”, vai caindo.
A história não é estável e uma continuidade de insucessos, época após época, desgasta. Mesmo que sejam os novatos Casa Pia e Arouca que nos possam ultrapassar na hierarquia classificativa esta época.
O Vitória só poderia ganhar com estabilidade diretiva para além de um mandato, mas não parece que a frustrada massa de sócios o permita em 2025, como sucede praticamente desde o fim do presidencialismo “pimentista” em 2004, há longos dezoito anos.