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O perfume da Rosa

Álvaro Manuel Nunes
Opinião \ sábado, janeiro 14, 2023
© Direitos reservados
A 22 de novembro, Rosa Machado Costa, antiga obstetra do Hospital de Guimarães e aluna da UNAGUI, comemorou o 100.º aniversário, tendo sido homenageada pela universidade sénior e pelo poder local.

Folclore, momentos musicais e poéticos, discursos institucionais e emocionados, gestos e ofertas de ternura e amizade, de tudo um pouco se constituiu a sessão de homenagem a Rosa Machado Costa, a médica obstetra do Hospital de Guimarães, “aluna” e companheira na UNAGUI, desde a sua fundação, já lá vão 29 anos.

De facto, numa sessão que congregou a Direção e amigos da UNAGUI, familiares e entidades institucionais como o presidente da Câmara Municipal Domingos Bragança e a Presidente da Junta de São Cristóvão de Selho, Marta Filipa Gonçalves, a Doutora Rosa – assim é conhecida por todos -  receberia no dia do seu aniversário, 22 de novembro (Dia de Santa Cecília),  fartas manifestações de amizade e gratidão de todos os presentes no auditório da UNAGUI,  que acolheria a aniversariante em ambiente de alegria e festa.

Com efeito, foi em festa que a sessão iniciar-se-ia, após a abertura da sessão pelo membro da Direção Hermenegildo Encarnação, a quem caberia apresentar a cerimónia. Efetivamente, logo a abrir, em tom festivo, a animação saltaria para palco abrilhantada pelo Rancho Folclórico da UNAGUI, liderado por Augusto Freitas, que se exibiria esplendidamente com a atuação de quatro danças, curiosamente iniciadas com um “Malhão de Entrada” e encerrada com um “Vira de Saída”

Após o folclore, a dança das palavras sentidas e emocionadas. Primeiro o presidente da UNAGUI, Jorge Extremina, que contou uma breve vivência pessoal com a homenageada, elucidativa da sua independência e desenvoltura individual e que  teceria algumas considerações oportunas sobre o papel da instituição no âmbito da terceira idade, enquanto espaço onde se respira amizade e ternura e se caminha pela cartilha do saber.

Depois, no mesmo diapasão emocionado, pronunciar-se-ia ainda o capitão José Menezes, ex-presidente da UNAGUI, que durante as últimas duas décadas e meia privou com a aniversariante estes longos anos da vida da instituição. Deste modo, para além de breves palavras, brindaria a homenageada com uma canção inédita acompanhada à guitarra, que posteriormente seria cantada por todos:

Não é fineza nenhuma

A rosa em botão cheirar

 

Da música à poesia as mensagens de empatia suceder-se-iam seguidamente.  Assim, Arnaldina Lopes declamaria o “Soneto da Rosa”, de autoria do professor Álvaro Nunes e Amália Gomes Alves recitaria um outro poema de sua própria autoria, dedicado à aniversariante:

Rosas vermelhas são paixão                     Sempre disposta a colaborar

Brancas são paz e pureza                          Com sabedoria e franca amizade

Cor-de-rosa são de gratidão                     Teve por lema na vida, só partilhar

Por tua vida de grandeza!                         E a todos legar sua disponibilidade.

 

Nestes cem anos vividos                           Felizes nesta data a exaltamos

Entre espinhos e prazeres                        Nestes cem anos de aniversário

Milagres das rosas são sentidos              E com muito carinho felicitamos

Nos partos a que deste seres                   Todo o seu fervor e amor solidário

 

Rosa é uma flor viçosa da lapela              Cem anos vividos com assaz ardor,                           

Namoro de cravos, em carinhos,             Ao serviço da vida dedicada.

Perfume da UNAGUI sempre bela!        Recordo Doutora Rosa, nome de flor,

                                                         Que por milhares de mães serás lembrada.

E , se na vida nem tudo são rosas

E não há rosas sem espinhos …                Vasto sábio saber partilhas com rigor

Teu jardim é das mais formosas! …         Nas aulas de História, sempre animada.

                                                           Pela convivência em passeios vividos com vigor

                                                           Pela alegria e companheirismo, Drª. Rosa, obrigada.

 

Da poesia à prosa, de novo a palavra do discurso e as mensagens afetivas de bem-querer. Desta feita, pelas vozes jovens e transgeracionais das sobrinhas-netas Cristina e Sofia, que com carinho e gratidão recordaram emocionalmente vivências e familiaridades; e ainda Isabel Portilha, companheira na longa caminhada comum na UNAGUI, que evocaria alguns desses momentos de cumplicidade.  

Proximidade afetuosa que levaria também à intervenção institucional da Presidente da Junta de São Cristóvão de Selho, Marta Filipa Gonçalves, autarca da freguesia de residência da homenageada, também ela nascida, anos atrás, sob a assistência médica da doutora Rosa: “ a primeira pessoa que vi” – diria.

Por seu turno, o presidente da Câmara de Guimarães Domingos Bragança fecharia as preleções felicitando a aniversariantes e homenageada pelos seus 100 de vida alegres, clarividentes que são um exemplo de vida. Concomitantemente, enalteceria os valores da partilha da vida, presentes na UNAGUI, enfatizando que a felicidade se faz em conjunto, uma vez que dar aquilo que temos aumenta a nossa riqueza e dos outros.    

Como é óbvio, usaria ainda da palavra a aniversariante que recordaria particularmente os últimos 29 anos da UNAGUI, em especial as dificuldades de obtenção de instalações condignas e as experiências vivenciadas. Deste modo, relevaria o seu gosto por aprender e as passeatas em Portugal e estrangeiro, em especial a viagem a Paris monumental e ao” Moulin Rouge”! Evocações que tornaria extensivas aos bons professores da instituição, que, segundo disse, lhe facultaram outras perspetivas e aprendizagens adicionais.

E terminaria com uma elucidativa citação de José Régio: “tudo passou por mim, sim, mas passou” …

Ato contínuo a aniversariante receberia algumas lembranças de membros da direção: um ramo de cem rosas por parte de Arnaldina Lopes; um pin de ouro da UNAGUI, ofertado por João Dias e a caneta de ouro da instituição, entregue pelo professor. J. Salgado Almeida.

A finalizar Hermenegildo Encarnação proporia ainda que desta mulher excecional e “maravilha da natureza e pessoa” fosse escrita a sua história de vida.

Seria seguidamente encerrada a sessão e passar-se-ia de imediato para um pequeno beberete no salão, com a entoação do cântico de parabéns à aniversariante, que mostraria a sua boa forma no sopro das velas da praxe e receberia emocionada mais algumas lembranças de participantes e amigos.   Cem anos de perfume de rosas inalaram-se no ar …    

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