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Museu reaberto e renovado

Gonçalo Cruz
Opinião \ terça-feira, maio 25, 2021
© Direitos reservados
A presença dos visitantes é também importante para nos irmos orientando neste trabalho de Sísifo, que é garantir o acesso a uma das mais relevantes coleções em Portugal.

Aproveitando o mais recente período de confinamento, a Sociedade Martins Sarmento realizou obras de remodelação no seu Museu Arqueológico, no centro de Guimarães. Sendo um dos mais antigos museus de Arqueologia, e um dos mais antigos museus portugueses, o Museu Martins Sarmento, como é mais conhecido, é um espaço em que qualquer intervenção deve ser detalhadamente ponderada. O Museu carrega o peso e os condicionalismos de mais de cem anos de funcionamento contínuo, de abertura à visitação pública, de divulgação do Património Cultural, de preservação de elementos que se teriam perdido caso não tivessem sido guardados no que se pode considerar um repositório histórico de bens culturais, não apenas de Guimarães, mas de âmbito nacional.

Depois da criação da exposição original, pelo próprio Martins Sarmento, com a colaboração directa de vários amigos, dos quais se destacam os particulares contributos do Abade de Tagilde e de Albano Belino, o Museu adquiriu o aspecto que lhe conhecemos com a intervenção de Mário Cardozo, a partir da década de 1930. Tendo preservado globalmente a estrutura e aspecto que lhe conferiu Mário Cardozo, a exposição permanente mostrava já vários aspectos anacrónicos, além da notória degradação de vários pontos do impressionante claustro de São Domingos de Guimarães, que Sarmento tinha transformado em Museu.

Decidida, desde há anos, a manutenção do aspecto original da exposição, os trabalhos foram definidos em dois sentidos: a reparação física do espaço e a renovação dos conteúdos museológicos.

Realizaram-se, nos últimos meses, as obras de reparação do piso inferior do claustro, depois de idêntica intervenção no piso superior, em 2019. Foi assim reposta a pintura das paredes interiores, melhorando a leitura dos elementos epigráficos e escultóricos expostos, bem como a realização da pintura do tecto. Foi também totalmente refeito o piso, garantindo agora um melhor aspecto e comodidade aos visitantes.

O Altar de Semelhe, peça central da Coleção Albano Belino do Museu Martins Sarmento

O Altar de Semelhe, peça central da Coleção Albano Belino do Museu Martins Sarmento

A realização das obras e a necessária remoção e recolocação de grande parte dos elementos expostos desta “Secção de Epigrafia Latina e Escultura Antiga”, foi o mote para reorganizar as peças, atribuindo uma maior coerência ao acervo em exposição. Iniciou-se também a revisão dos conteúdos, contando agora o Museu com um sistema inovador de legendagem, que permite ao visitante aceder a toda a informação recorrendo apenas a um smartphone.

O Museu Martins Sarmento está já reaberto ao público, com entrada gratuita até ao final de Maio. A presença dos visitantes é também importante para nos irmos orientando neste trabalho de Sísifo, que é garantir o acesso a toda a informação que o Museu encerra e que constitui uma das mais relevantes coleções em Portugal.

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