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Guimarães inicia uma nova forma de estar no poder

Pedro Ferreira
Opinião \ sexta-feira, novembro 21, 2025
© Direitos reservados
Seria injusto exigir resultados profundos em tão poucas semanas e igualmente precipitado afirmar que está tudo a correr bem só porque se deram alguns passos iniciais.

Guimarães está a atravessar um momento em que a mudança política não vive apenas de discursos, mas de pequenos sinais concretos que começam a marcar um novo estilo de governação. Depois de 36 anos de domínio socialista no executivo municipal, era (e continua a ser) legítimo que muitos cidadãos olhassem para a chegada da coligação Juntos por Guimarães com expectativa, dúvidas e até algum ceticismo. As promessas feitas em campanha são sempre fáceis de enunciar; a questão é perceber o que realmente muda quando o poder começa a ser exercido.

E, apesar de estarmos numa fase muito inicial deste novo mandato, há sinais evidentes de um rumo diferente. Um dos mais relevantes tem sido a decisão de transmitir em direto as reuniões do executivo municipal. Não é uma medida de propaganda, não faz capas de jornais, mas representa um gesto claro de abertura.

Durante anos, a política local pareceu estar sempre um pouco distante das pessoas, quase como se fosse um assunto só para quem já lá andava. Transmitir as reuniões para que todos possam assistir, é um gesto importante de transparência, permite escrutínio e aproxima as pessoas das decisões que afetam o concelho. É um passo simples, sim, mas simbólico: demonstra vontade política de abrir portas, e dar aos vimaranenses a oportunidade real de acompanhar o que está a ser discutido e não apenas ouvir o resumo dos pontos debatidos.

Ao mesmo tempo, outra intervenção aparentemente simples foi o reforço da iluminação pública em várias ruas do concelho. À primeira vista, trocar ou acrescentar pontos de luz parece uma operação de manutenção básica. Porém, estas pequenas intervenções são muitas vezes as que mais impacto têm na vida real das pessoas.  Uma rua mais iluminada significa maior sensação de segurança, melhor mobilidade noturna, mais conforto para quem caminha ou regressa a casa tarde.

Mas há aqui algo importante: esta medida não caiu do nada, faz parte do que o novo executivo prometeu. Durante a campanha, a coligação assumiu no seu programa eleitoral que pretendia agir em questões que afetam o dia-a-dia das pessoas e melhorar a qualidade de vida nos bairros, freguesias e ruas que nem sempre receberam atenção prioritária no passado. Será natural perguntarmo-nos: porquê estas ruas? Qual o critério de escolha? Houve avaliação técnica ou sensibilidade política? Estas perguntas são legítimas e fazem parte do escrutínio que qualquer executivo deve aceitar. Mas não se pode ignorar que, pela primeira vez em muito tempo, vê-se uma preocupação em mostrar serviço desde o primeiro momento, não para fazer propaganda, mas para cumprir promessas simples e concretas.

Ainda é cedo, muito cedo, para fazer juízos sobre o novo ciclo político em Guimarães.  Seria injusto exigir resultados profundos em tão poucas semanas e igualmente precipitado afirmar que está tudo a correr bem só porque se deram alguns passos iniciais. No entanto, há algo que se começa a notar: uma forma distinta de encarar o poder. A transmissão das reuniões e o reforço imediato da iluminação urbana podem parecer temas modestos, mas juntos revelam uma intenção clara: governar com mais proximidade, mais transparência e mais atenção ao essencial.

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