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Guimarães 2040: um concelho, 1 cidade sede, 9 cidades-vilas

Carlos Caneja Amorim
Opinião \ sexta-feira, novembro 03, 2023
© Direitos reservados
O segredo estará em potenciar centralidades económico-sociais que alavanquem e acelerem o crescimento para cidade-vila (no sentido de cidade de densidade controlada e na justa medida).

Há 18 concelhos portugueses com mais de uma cidade. Uma exígua amostra: (i) o concelho de Paredes tem 4 cidades: Gandra, Paredes, Rebordosa e Lordelo; ii) o concelho de Santa Maria da Feira tem 3 cidades: Fiães, Lourosa e Santa Maria da Feira; iii) o nosso vizinho concelho de Felgueiras tem dua cidades: Felgueiras e Lixa. Sem prejuízo do novo quadro legal em marcha, em Portugal o estatuto de cidade era dado apenas às localidades com mais de 8 mil eleitores que se organizem num aglomerado populacional urbano contínuo.

Cumpria, contudo, que tais localidades possuíssem metade dos seguintes equipamentos coletivos: instalações hospitalares com serviço de permanência, farmácias, corporação de bombeiros, casa de espetáculos e centro cultural, museus e biblioteca, instalações de hotelaria, estabelecimento de ensino preparatório e secundário, estabelecimento de ensino pré-primário e infantários, transporte público (urbano e interurbano) e parques ou jardins públicos.   Avançando para a pátria vimaranense: nos tempos da presidência de António Magalhães da Câmara Municipal (presidente que, indiscutivelmente, deixou a sua marca) era designo máximo a cidade de 100.000 pessoas. Neste campo, não podia discordar mais. O pior que poderia acontecer a Guimarães era a construção de uma megacidade (em termos proporcionais, considerando a nossa escala, compreenda-se). Em termos de qualidade de vida e de sustentabilidade ecológica seria um erro crasso.

Guimarães deve olhar-se não como cidade-concelho, mas sim como concelho-cidade, no sentido de o urbano e o rural se entrelaçarem construindo a unidade em ecossistema, fazendo das periferias centros vivos, com um planeamento que garanta um mosaico de diferentes densidades urbanas (habitacional, comercial e industrial, etc.), tudo interligado por uma mobilidade verde de excelência. Só assim de evitará a ditadura dos colossais cimentérios – neologismo emprestado pelo Ilustre historiador vimaranense, Amaro das Neves. Clarificando: devemos resistir e impedir que a cidade cresça de forma orgânica e continua do centro paras as freguesias vizinhas, colonizando-as num registo darwinista.

No presente, a cidade espraia-se, numa ocupação integral, pela UF de Oliveira, São Paio e São Sebastião e, parcialmente, pelas freguesias de Creixomil, Fermentões, Urgeses, Azurém, Costa, Silvares, Mesão Frio...é imperativo categórico, para a cidadania vimaranense, impedir que os relevantes espaços verdes e rurais (com belíssimas veigas) destas freguesias sobre stress territorial de expansão da cidade sejam sacrificados, na sua plenitude, em nome de um urbanismo insaciável.

É a própria identidade histórica de Guimarães como concelho que está em causa. Repare-se que, territorialmente, somos um concelho extremamente plural em termos de centralidades. De facto, somos um concelho com uma cidade e nove vilas e com 31 freguesias e 17 uniões de freguesias: tal realidade é uma vantagem relativa que não pode ser desperdiçada. A nossa estratégia coletiva em termos macro, no plano sociodemográfico, deve ser crescermos como concelho e não como cidade (sem prejuízo, de a cidade, na rigorosíssima justa medida, carecer de aumentar em termos de oferta de habitação e de aumento/recuperação de residentes – sobretudo se forem residentes que trabalhem na cidade, por questões de ganhos ecológicos em termos de mobilidade).

Assim, de forma bem planeada, proponho que, no espaço de uma geração, consigamos “desTOURALizar” e salvaguardar o crescimento urbano ordenado de todo o concelho, priorizando as 9 vilas. Em boa verdade, as Vilas do Concelho de Guimarães, mais do que centros cívicos “pipis e fofinhos”, precisam sim é de residentes e, sobretudo, trabalhadores-residentes-jovens-qualificados, isto é, que habitam e trabalham nessas Vilas (para se proteger a questão das pressões da mobilidade e para se retirar carros das estradas). Também assim se mitiga a séria crise do inverno demográfico. Para concretizar e dar densidade ao antes avançado, desde já, apresento dois exemplos de Vilas que têm a potencialidade de serem elevadas a cidade até 2040: Taipas e Pevidém. Mas, como tal nunca ocorrerá de geração espontânea, importa gizar planos com conta, peso e medida para cada uma delas.

O segredo estará em potenciar centralidades económico-sociais que alavanquem e acelerem o crescimento para cidade-vila (no sentido de cidade de densidade controlada e na justa medida). No artigo de dezembro, apresentarei o draft/esboço de uma proposta de plano para potenciar a elevação a cidade das Vilas das Taipas e Pevidém.

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