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Da flora invasora à floresta autóctone

Gonçalo Cruz
Opinião \ terça-feira, novembro 09, 2021
© Direitos reservados
Será uma evocação de parte dos hábitos da antiga comunidade castreja, que tinha na bolota um dos seus alimentos sazonais.

Foi disponibilizado, no mês passado, pelo Laboratório da Paisagem e pela Sociedade Martins Sarmento, um documento técnico que reúne um conjunto de informações e de procedimentos a ter em conta na gestão da vegetação infestante, que ocupa grande parte dos terrenos onde se localiza o Castro de Sabroso, em São Lourenço de Sande. Por outro lado, celebra-se, no presente mês de novembro, o Dia da Floresta Autóctone. Ao usarmos estas duas denominações, falamos, naturalmente, de diferentes tipos de plantas, umas consideradas locais, outras que foram introduzidas num período mais recente.

Esta polarização quase que faz lembrar uma outra, que tradicionalmente se aplica a uma dinâmica histórica da antiguidade: as comunidades indígenas dos castros e os "invasores" que, como o nome indica, pretendiam vir a ocupar um espaço que não era deles, servindo-se da sua superioridade numérica, técnica e militar. De volta ao reino vegetal, mais do que "tomar partido" por um dos campos, o que se pretende é induzir um equilíbrio no desenvolvimento natural da flora, controlando as espécies que têm características infestantes. Quer no caso citado de Sabroso, quer no caso da Citânia de Briteiros, o objetivo fulcral é gerir o coberto vegetal no sentido de preservar os vestígios arqueológicos que, nos dois espaços, convivem com a floresta.

Vestígios de lareira da Idade do Ferro, identificados na Citânia de Briteiros, em 2010, onde se recolheram bolotas carbonizadas

Vestígios de lareira da Idade do Ferro, identificados na Citânia de Briteiros, em 2010, onde se recolheram bolotas carbonizadas

É pois nesse sentido que, em colaboração com a empresa Landratech, se irá realizar na Citânia, no dia 20 de Novembro, uma "apanha da bolota" e, no dia 27, dia da floresta autóctone, uma atividade de sensibilização. Serão feitas, neste dia, visitas guiadas no Museu da Cultura Castreja e na Citânia, um almoço com pratos preparados com bolota, bem como um workshop de preparação de pão de bolota. Será, portanto, uma evocação de parte dos hábitos da antiga comunidade castreja, que tinha na bolota um dos seus alimentos sazonais.

Divulga-se e promove-se, desta forma, um fruto característico da floresta nativa, do qual nos afastámos culturalmente, mas cuja exploração futura é precisamente um dos benefícios da manutenção de espécies como o sobreiro e o carvalho.

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