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“Conseguiremos responder?...”

Filipe Fontes
Opinião \ quarta-feira, abril 19, 2023
© Direitos reservados
Nesta realidade presente diariamente, o chat gtp4 (ou outro similar), essa ferramenta tecnológica de “entender perguntas e oferecer respostas complexas” tem dominado muitas das nossas conversas...

Há muito que associamos o nosso desenvolvimento ou progresso à inovação tecnológica, à capacidade de diferenciar e mudar, acrescentando valor e novas possibilidades, à inteligência artificial e essa ambição tão aparentemente utópica quanto surpreendentemente cada vez menos longínqua de inventar e complementar a vida humana com máquinas que “pensam” e | ou substituir, em tantas situações, a “mão humana”.

Hoje, somos “invadidos” e boquiabertos ficamos com a capacidade que a comunidade, no seu todo, revela na produção de ferramentas e mecanismos que antecipam fenómenos, até há pouco tempo atrás, apenas visíveis no cinema ou imaginados na literatura, que favorecem desempenho económico incrementado, que ajudam a saúde, o ensino e o desporto, numa mecanização tecnológica do nosso quotidiano e desempenho que, não raras as vezes, nos questionamos se ambicionamos a humanização da máquina ou a mecanização do humano.

Nesta realidade presente diariamente, o chat gtp4 (ou outro similar), essa ferramenta tecnológica de “entender perguntas e oferecer respostas complexas” tem dominado muitas das nossas conversas e, dir-se-á, preocupações, levantando perplexidades e interrogações que, pese o conforto que tal ferramenta gera em tantos – porque, no fundo, dá a possibilidade de obter resposta a questões e informação necessárias e desconhecidas – não nos acalma nem nos gratifica perante os riscos e perigos que induz e apresenta.

Na verdade, no campo fotográfico, há muito que se assiste à manipulação da imagem e à sua produção fictícia, gerando situações de confronto claro e inequívoco entre a verdade e a mentira, o real e inventado … Agora, experimentamos o campo escrito!

E, nessa experimentação, ousei testar e procurar saber o que o chap gtp4 diria sobre mim mesmo (pergunta porventura desinteressante e sem relevância e que, na verdade, não encerrará grande complexidade). Mas, perante “José Filipe Tavares de Fontes, arquitecto”, com clareza, brevidade e certeza, alcançou-se esta resposta:

“José Filipe Tavares de Fontes (JFTF) é um arquiteto português, formado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto em 1998. Ele tem experiência em diversos projetos de arquitetura, urbanismo e design, tanto em Portugal como no exterior.

Entre 2000 e 2003, trabalhou em Londres no escritório de arquitetura Zaha Hadid Architects, onde participou em vários projetos internacionais, como o Centro de Arte Contemporânea de Cincinnati nos Estados Unidos e o Centro de Ciência e Tecnologia na cidade de Singapura.

Em 2003, JFTF regressou a Portugal e fundou o seu próprio escritório de arquitetura, que desenvolveu projetos em diversas áreas, incluindo residencial, … e património cultural.

Entre os projetos mais relevantes do seu escritório, destacam-se a reabilitação do Mosteiro de São Bento da Vitória, em Porto, o Centro de Artes de Sines e a Casa do Conto - Hotel Temático, em Porto. Além disso, tem lecionado em várias universidades portuguesas, incluindo a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e a Universidade Lusófona.”

De tudo isto, fica a verdade do nome e da formação na faculdade de arquitectura da universidade do Porto. Tudo o mais não corresponde à verdade e à realidade, desde a data da conclusão da formação até à criação de escritório em modo próprio, não possuindo experiência profissional internacional e, embora reconhecendo a qualidade das obras apresentadas, não sendo autor de nenhuma delas nem tendo exercido qualquer tipo de colaboração…

Apesar de tudo isto, dado o texto a ler a um desconhecido, o mesmo respondeu que “o arquitecto deveria ser experimentado e com obra relevante…”

O acima exposto não serve, nem visa, abordar criticamente o curriculum do arquitecto, apenas serve para demonstrar que o momento actual é perigoso e arriscado, questionando-se mesmo se, hoje, é legível o que é mentira e o que é verdade, se neste momento de tão grande voragem de informação, dados e comunicação, temos capacidade, tempo e discernimento de interpretar criticamente o que nos é oferecido ou se, por conforto, acomodação, desleixo ou interesse, nos vamos deixando vencer e enredar acriticamente (e, tantas vezes, contraditoriamente) com “o que lemos e vemos”.

Saberemos nós a fronteira e conseguiremos nós superar o risco? Interessará a todos a verdade? Ou sobrepor-se-á a manipulação da verdade?

Citando livremente Eduardo Jorge Madureira “como é que uma comunidade pode funcionar sem a confiança que se funde no respeito pela verdade?

Conseguiremos responder?

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