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Breves notas ambientais

José Cunha
Opinião \ sábado, junho 18, 2022
© Direitos reservados
É uma realidade que me deixa triste, mas, de “eco”, não temos muitos Vimaranenses nem tão pouco decisores políticos.

Ainda que não faltem temas ambientais a merecer uma atenção mais detalhada e consequente partilha de opinião ponderada, por razões práticas de disponibilidade de tempo, irei neste artigo optar por uma abordagem mais superficial, em jeito de comentário aos “acontecimentos ambientais” deste último mês em Guimarães.

Desses “acontecimentos”, o destaque vai para a reunião do Executivo Municipal que se realizou no Laboratório da Paisagem sob a temática da sustentabilidade ambiental. Mas apesar do tema eleito, apenas 2 dos 38 pontos da ordem de trabalhos eram relacionados com o ambiente, e a reunião serviu mais de foguetório para anunciar oficialmente a nova candidatura a Capital Verde Europeia (CVE). Como sempre, foi afirmado que o mais importante é o caminho, mas continua tudo a ser orientado para o sucesso da candidatura e não da sustentabilidade ambiental.

Um dos pontos ambientais dessa reunião tratava da adesão de Guimarães à implementação da Certificação Município Zero Waste integrado na plataforma Zero Waste Europe, tendo para tal sido subscrito o Compromisso Zero Resíduos. Nesse documento é descrito como um dos objetivos a redução de resíduos sólidos urbanos até 2030 para os 362 kg por habitante, e também é referido que em 2021 esse valor foi de 445 kg. Na primeira candidatura a CVE, no indicador dedicado aos resíduos, o município de Guimarães informou ter uma tendência decrescente dos 416 kg em 2010 até aos 390kg em 2016, afirmando que “com a adoção destas politicas de prevenção, redução, reutilização e reciclagem, foi possível alcançar resultados impressionantes”. Ora, tendo presente a tendência atual e o valor de 2021, o resultado é de facto impressionante, mas nada positivo, pelo que importa refletir sobre as políticas implementadas sob pena de faltar ao compromisso. Ainda a propósito destes números, confesso que estou curioso em saber como é que eles vão ser “pintados de verde” na nova candidatura a CVE.

Um outro “acontecimento” com relevância ambiental foi o Workshop “Teleféricos Urbanos – Uma alternativa para a mobilidade urbana” realizado no Teatro Jordão e orientado pelo Professor Álvaro Costa na sequência do Estudo de Mobilidade Urbana. Não tive oportunidade de assistir, mas das notícias publicadas reforço a sensação que já tinha de que a CMG está tentada a optar por esta solução de mobilidade urbana. Aguardemos desenvolvimentos.

Na tal reunião do executivo municipal o Presidente da Câmara afirmou que “este é um bom caminho de cidadania - o de ecocidadão -, que já está apropriado pelos Vimaranenses”. Lamento muito discordar e de constatar que desde o denominado “desígnio da sustentabilidade ambiental” iniciado em 2013 (e já lá vão quase 10 anos) não houve uma única medida disruptiva, ou sequer audaz em prol do ambiente. O que tem havido, isso sim, é muito mais do mesmo, e até algum reforço das políticas consumistas de recursos naturais e comprometedoras da sustentabilidade. É uma realidade que me deixa triste, mas, de “eco”, não temos muitos Vimaranenses nem tão pouco decisores políticos.

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