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Batalha de São Mamede: A Primeira Pedra da Liberdade

Luís Lisboa
Opinião \ sexta-feira, junho 27, 2025
© Direitos reservados
Que o 24 de junho nos una, não em torno de bandeiras que separam, mas de valores que nos aproximam: liberdade com justiça, identidade com empatia, história com futuro.

A 24 de junho de 1128, em Guimarães, travou-se a Batalha de São Mamede, e, com ela, começou a nascer Portugal. Muito antes das assinaturas do Tratado de Zamora ou da chancela papal Manifestis Probatum, foi nesta terras que Afonso Henriques, enfrentando as forças de sua própria mãe, D. Teresa, deu o primeiro passo concreto para a independência do Condado Portucalense.

Mas a Batalha de São Mamede não foi apenas um feito militar, nem apenas uma disputa dinástica. Foi, sobretudo, um movimento popular, uma tomada de posição coletiva por um novo destino. É por isso que, Guimarães, com inteira justiça, reclama o reconhecimento do 24 de junho como o verdadeiro Dia 1 de Portugal. Porque não há povo sem memória, nem futuro sem coragem de reconhecer e aprender com as raízes.

Hoje, quase nove séculos depois, o eco desse gesto permanece vivo, e, mais necessário do que nunca. Num mundo ferido por guerras, muros, preconceitos e exclusões, lembrar a Batalha de São Mamede é lembrar que a liberdade nunca é um ponto de chegada, mas um caminho que se faz todos os dias. Se no século XII se lutava por território e autonomia, no século XXI é urgente lutar pela dignidade, pela justiça e pela inclusão de todas as pessoas, independentemente da sua origem, identidade, crença ou condição.

A memória histórica não deve servir para alimentar ideologias tóxicas que promovem o ódio ou a exclusão. Deve servir para inspirar, para educar, unir, transformar. Assim, honrar os que lutaram na Batalha de São Mamede não é encerrar a história num livro ou numa comemoração, mas continuar essa luta, agora, pela igualdade real, pelo respeito mútuo, por uma sociedade onde ninguém tenha de provar que merece existir.

Que o 24 de junho não seja apenas uma data no calendário, mas um símbolo vivo. Que nos una, não em torno de bandeiras que separam, mas de valores que nos aproximam: liberdade com justiça, identidade com empatia, história com futuro.

Porque só há independência quando todas as pessoas têm voz. E só há liberdade quando ninguém fica para trás.

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