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Guimarães
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Autárquicas

Álvaro Manuel Nunes
Opinião \ quarta-feira, outubro 01, 2025
© Direitos reservados
É urgente e prioritário cumprir o direito constitucional à habitação de forma mais planeada e menos circunstancial, articulando-se a nível local e nacional, independentemente de quem governa.

No próximo dia 12 de Outubro, já com as listas conhecidas em debate na praça pública, submetem-se a sufrágio 7 candidaturas, que de acordo com o sorteio realizado se apresentam nos boletins de voto para a Câmara Municipal e Assembleia Municipal, a saber: CDU, Chega, Iniciativa Liberal, Partido Socialista, Juntos por Guimarães, Bloco de Esquerda e ADN. Forças políticas que concorrem também em várias freguesias do concelho, em alguns casos para além das matrizes partidárias, organizados em movimentos independentes, como são os casos Gondar com futuro, No Rumo para Vermil, Movimento Brito Independente e Olívia Fernandes “Os Ronfenses conhecem-me”

De facto, as autárquicas são a expressão mais próxima da vontade popular e do desenvolvimento local, um dos três “D” do 25 de Abril, que mudou muito a paisagem social das nossas terras, mantendo a democracia viva pela força do voto e pela participação ativa dos cidadãos na resolução dos seus problemas.

Efetivamente, cremos que este “D” do desenvolvimento do programa do MFA está genericamente a ser cumprido, não obstante muito continuar ainda por fazer e alguns oportunismos e carreirismos assomem, assim como situações de corrupção subsistam, que importam debelar.  No entanto, conhecidos os nomes dos protagonistas, a imagem que nos fica é que nem tanto ao mar nem tanto à terra seria devido! Significa a meu ver que, nos casos mais badalados, talvez não fosse de levar a purga tão profundamente, quanto se constata. Preferíamos, obviamente uma passagem o testemunho mais equilibrado, numa estafeta em que as novas lideranças manteriam na corrida alguns fundistas do “saber da experiência feita”. E obviamente, mais convergência, apesar das divergências e menos política do passa culpas partidário, bem como a presença de nomes que por vezes aparecem em toda a parte, quando deveriam estar prioritariamente e exclusivamente mais próximos dos interesses reais do concelho.

Colocadas estas premissas, quero, contudo, asseverar que Guimarães não está assim tão mal quanto muitos pintam eleitoralmente. A cidade não é só preto e branco como o Vitória, pois várias outras cambiantes se projetam no terreno, não obstante certos quadros pictóricos continuarem, a nível local e nacional, algo descoloridos, com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a continuar sistematicamente ajustado e nem sempre orientado para o mais necessário com o poder local.

Com efeito, e perdoem-me o meu programa eleitoral, pois sou tão-somente um eleitor anónimo, é urgente e prioritário cumprir o direito constitucional à habitação de forma mais planeada e menos circunstancial, articulando-se a nível local e nacional, independentemente de quem governa e afastando de uma vez por todas as políticas do desenrascanço e empurrar os problemas com a barriga, em detrimento do planeamento atempado e negociado.

Deste modo, há que dar sequência ao prometido, como as 111 casas previstas no Programa 1º. Direito e as 290 anunciadas até 2030 para famílias mais vulneráveis, entre outras iniciativas complementares, designadamente no âmbito da reabilitação, quer dos bairros sociais quer nos privados, bem como outras alternativas como o movimento cooperativo e reforço do programa de apoio ao arrendamento sustentável.   Obviamente, um programa que passe pelo poder central e local, pelo planeamento urbano e Plano Diretor Municipal (PDM), que ainda hoje anda às bolandas nesta fase do campeonato. De igual modo, através de planos de urbanização e pormenor articulados, que além da habitação compreendam a localização das atividades económicas a serem dinamizados e os equipamentos coletivos a serem erigidos. Planeamento que, deve ainda ter em conta, de forma articulada, os anseios das freguesias e os desafios futuros, nomeadamente o desígnio de Guimarães, Capital Verde Europeia 2026, que recentemente deu um passo em frente com a aquisição de vários autocarros elétricos, numa ação concertada de transversalidade entre mobilidade e ambiente, mas que também, além das ecovias e parques de lazer, deveria apostar nas praias fluviais. 

Obviamente, algumas vertentes a consensualizar, que de igual modo deveriam concretizar-se num programa de obras públicas prioritárias, não só no setor educativo, como nas creches e nas residências universitárias, como também no domínio social, especialmente na terceira idade e infância, enquanto áreas carenciadas do concelho vimaranense. 

Com efeito, encontrando-se o concelho suficientemente dotado de infraestruturas e atividades  culturais, cuja ação importaria preservar, seria  agora de apoiar e concluir  alguns projetos já em curso ou lançados, especialmente na Escola Superior de Hotelaria e Turismo, na Quinta do Costeado e as novas instalações do IPCA, bem como a recuperação da Fábrica do Arquinho para os cursos de Engenharia Espacial da Universidade do Minho e as residências universitárias no AvePark e na antiga Escola de Santa Luzia, confirmando Guimarães como uma cidade universitária. Obras que outrossim passam também pela reabilitação do parque escolar que agora, de acordo com a lei-quadro de transferência de competências para as autarquias locais, passa para a alçada das Câmaras Municipais, não só em infraestruturas e equipamentos como também nas refeições escolares, ação social e gestão dos refeitórios e do pessoal não docente. Aliás e neste contexto, após a conclusão da requalificação da B2,3 de S. Torcato, é importante implementar as previstas obras a EB2,3 de Pevidém e a Escola básica e secundária Santos Simões, entre outras. Paralelamente, no domínio da saúde, avançar nas iniciativas concretas e previstas da construção do Centro de Saúde da Encosta da Penha, a que acrescem as obras necessárias a lançar na requalificação das unidades de Ronfe, Urgezes, Serzedelo e Pevidém.

Não menos importante, serão também as apostas nas acessibilidades e mobilidade. Desde logo, a melhoria nos transportes públicos, designadamente proporcionando aos utentes transportes noturnos, em sintonia com as realizações culturais e desportivas. Concomitantemente, a criação de novas alternativas de mobilidade(inter)-concelhia, seja o Metrobus, metro de superfície Intra concelhia, e/ou a ferrovia de ligação a Braga, incluindo a futura Estação de Alta Velocidade, neste domínio, relevante é ainda a nova saída da auto-estrada na zona norte e o lançamento duma circular externa da cidade, de forma a descongestionar o tráfego na área citadina e promover a pedonalização do Centro Histórico.  Situação que, logicamente, passa também pela construção de novos parques de estacionamento, eventualmente subterrâneos. Paralelamente, reequacionar a via para o Avepark, requalificar algumas estradas nacionais e a construção duma circular externa da cidade, de forma a escoar o tráfego inter-concelhio e periférico.

Obviamente, manter também a prossecução da salvaguarda e preservação do património material (e imaterial), cujos bons exemplos executados estão patentes na reabilitação da Torre da Alfândega, Fornos da Cruz de Pedra e Zona de Couros, área classificada em 2023 como património mundial.

De facto, o concelho pode orgulhar-se destes 50 anos (e não apenas 40), a despeito das carências ainda notórias e as falhas subsistentes.  Basta recordar que Guimarães conquistou as consagrações de Património Mundial da Humanidade (2001), Capital Europeia da Cultura (2012), Cidade Europeia do Desporto (2013), e já em marcha a Capital Verde Europeia de 2026, iniciativas que levaram a cidade a modernizar-se e crescer, designadamente em matéria de equipamentos sócio-culturais, entre os quais se destacam o Multiusos, o Centro Cultural Vila Flor, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães, entre outros.

Paralelamente, importa reforçar os mecanismos de segurança e proteção civil, em especial na coordenação preventiva local, em articulação com Associação dos Bombeiros Voluntários de Guimarães, que no próximo ano de celebra 150 anos de existência. Igualmente, acentuar a fiscalização dos espaços públicos por parte da Polícia Municipal, em concreto em certas áreas de hipermercados, passeios de peões, ou estacionamentos em segundas filas no módulo pisca-pisca e nas paragens de transportes públicos, que todos conhecem, mas ignoram, salvo na eficácia verificada nos locais com parcómetros! Coisas menores, certamente, mas que fazem sentir que a cidadania não está (ainda) a saque, perante esta intolerante tolerância.

Por sua vez, no desporto, a continuidade da aposta no apoio às coletividades e ao novo complexo desportivo do Vitória, que recentemente fez triplete no polo aquático nacional, quiçá a justificar a recuperação das piscinas perdidas pela cidade.

Mas há também que atender a minúcias e outras pequenas coisas, como a melhoraria da comunicação, em particular no decurso de eventos urbanos que fecham ruas, estradas e locais de paragem dos transportes urbanos. Será que já não se usam os tradicionais editais nos locais de estilo para avisar o povo, que já sabe ler, mas nem sempre tem acesso à internet?!

No que concerne à cultura, já aqui dissemos, muito está já realizado, ainda que haja sempre ajustes diretos e indiretos a levar a cabo. Cite-se, entre outras, a inserção no espaço público de obras criativos vimaranenses (e os 900 anos da Batalha de S. Mamede justificam-no e estão à porta), ou referências, em locais apropriados, de autores consagrados, que nos orgulham de falar da cidade-berço.  De facto, Guimarães está nos “Lusíadas” e outras obras literárias, pelo que seria um orgulho nosso divulgá-lo.  Ufania que deveríamos sentir por exemplo com mestre Gil Vicente, a merecer a inserção das suas peças nos Festivais Gil Vicente, autor nosso que bem poderia ser encenado por parte dos grupos de teatro amadores locais e levadas às escolas, uma vez que suas obras constam dos currículos do básico e secundário.

Realmente, torna-se relevante melhorar a articulação entre as coletividades entre si e com a edilidade, através de programas de interesse comum antecipadamente negociados.  De facto, há por vezes simultaneidade de eventos e em contrapartida carência colaborativa em ocorrências vimaranenses pertinentes.  Por exemplo, na Marcha Gualteriana (que no próximo 2026 perfaz 120 anos de existência), pugna-se anualmente pela participação ativa das associações no cortejo, em particular na encenação dos carros alegóricos, nos seus números vivos e manipulação dos seus bonecos. Questões certamente fáceis de resolver, com um pouco mais atenção e alguns protocolos ... 

Às urnas, minha gente, com vossos votos de democracia! ...

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