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Vida boa

Rui Antunes
Opinião \ segunda-feira, junho 05, 2023
© Direitos reservados
É importante sair à rua pela defesa do estado social. A mobilização social é a resposta à maioria absoluta alheada da vida das pessoas.

Os serviços públicos atravessam um período de enorme pressão. Sucessivos orçamentos sem o devido investimento público levaram a uma situação de degradação dos serviços prestados pelo Estado. A solução do Governo não é reforçar o investimento, aproveitando até a folga orçamental, mas sim contratualizar com o privado.

A dimensão do problema na saúde é muito grave. O número de pessoas sem médico de família é de 1,7 milhões e continua a aumentar. Depois de um concurso fracassado, que só ocupou 32% das vagas, o ministro da Saúde classificou-o inexplicavelmente como um sucesso. Estas declarações absurdas só podem ser proferidas por quem está a leste da realidade do país, em particular, está de costas para quem está anos na lista de espera. Ou tem o objetivo de degradar os serviços públicos para justificar a sua privatização. Já o está a fazer no caso das maternidades, que encerram sucessivamente por falta de médicos. Este governo não decide investir nos hospitais públicos e contratar mais especialistas com condições laborais reforçadas, mas aumenta as transferências para as Cufs e Trofas deste país.

A cedência constante do Partido Socialista aos interesses dos grandes grupos económicos privados é preocupante e prejudica diretamente os interesses da maioria dos portugueses. Já o tínhamos visto na venda das barragens da EDP, em que centenas de milhões em impostos ficaram por cobrar. O episódio mais recente é a banca. No primeiro trimestre, os cinco maiores bancos acumularam quase 1.000 milhões de euros de lucro, à custa da asfixia da maioria das famílias que veem os rendimentos sugados pelos aumentos das taxas de juro do crédito ou das múltiplas comissões bancárias. A resposta do Governo devia ser firme e exigir, por exemplo, que a remuneração dos depósitos fosse aumentada. Pelo contrário, depois do apelo do presidente do banco CTT numa entrevista, o governo decide baixar a taxa de juro dos certificados de aforro de 3,5 para 2,5%.

Por isso, é tão importante sair à rua pela defesa do estado social. A mobilização social é a única resposta verdadeiramente democrática à maioria absoluta alheada da vida das pessoas. Este ano, já assistimos a fortes ações em defesa da melhoria das condições de vida, pelo direito à habitação digna e, neste fim de semana, pelo reforço do Serviço Nacional de Saúde. A esquerda deve estar lado a lado com estas pessoas que exigem salários justos e serviços públicos de qualidade. A recém eleição de Mariana Mortágua como coordenadora do Bloco de Esquerda dá um novo alento a esta esquerda que aspira uma vida boa. A sua força, capacidade e inteligência mobilizará os jovens, trabalhadores e reformados em torno de um projeto político que responde a quem não quer apenas sobreviver, quer ter uma vida de qualidade com educação, saúde, cultura e ambiente.

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