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A importância da classe média para a elite

Carlos Rui Abreu
Opinião \ segunda-feira, dezembro 23, 2024
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Esta Liga Conferência já permitiu à AS Roma vencer um título europeu após a Taça das Cidades com Feira, em 1961, ao West Ham voltar a ganhar na UEFA após uma Taça das Taças e uma Intertoto...

Desde 2021 que a UEFA instituiu uma nova competição europeia de clubes a que deu o nome de Liga Conferência. Uma prova que pretendeu democratizar mais o acesso a provas internacionais a clubes de federações nacionais, ou seja, países que normalmente não conseguiam colocar clubes nas fases mais adiantadas das provas europeias principais, nomeadamente a Liga dos Campeões – cada vez mais quase sempre para os mesmos – e a Liga Europa – que a cada ano alberga clubes de maior nomeada.

Nas primeiras três edições Portugal não conseguiu colocar nenhuma equipa na então fase de grupos já que os nossos clubes ficavam sempre pelas pré-eliminatórias. Enquanto SL Benfica, Sporting CP, FC Porto e SC Braga faziam os seus percursos, mais ou menos vigorosos, na ‘Champions’ e na Liga Europa, na Liga Conferência não tínhamos ninguém. O ranking da UEFA castigava Portugal e beneficiava outros países que, aproveitando esta competição, lá iam amealhando pontos.  

Este ano, deixando para trás essa que parecia ser a sina do futebol português, apareceu um Vitória SC que passou de forma sublime pelas eliminatórias, somando por triunfos os seis jogos realizados, e terminando a fase de liga em segundo lugar, só atrás do todo poderoso Chelsea – que parece um peixe grande demais para este aquário – e à frente de clubes mais históricos como a Fiorentina, Panathinaikos, Bétis, ou o Copenhaga.

Um mérito extraordinário da equipa liderada por Rui Borges que em 12 jogos ‘eufeiros’ tem apenas dois empates e ainda não perdeu. Um feito assinalável quando olhamos para as armas do atual Vitória que tarda em emergir, até no panorama nacional, como um clube consistente em termos classificativos e de gestão. O que os vimaranenses têm como marca distintiva, a paixão e fidelidade de uma massa adepta ímpar, não é acompanhada pela capacidade de gerar receitas consideráveis na venda de jogadores e na constância de uma classificação sistematicamente de topo, ou até na conquista de títulos.   

Esta época europeia, embora numa terceira divisão da UEFA e, muitas vezes jogando com clubes de nome quase impronunciável, será, aconteça o que acontecer, para recordar como uma das mais belas do clube mas, creio, que só será verdadeiramente memorável se servir de base para uma solidificação do Vitória nestes patamares e, quiçá, como mola para os patamares seguintes.

O futebol português precisa de mais clubes competitivos, com este lastro europeu, onde se ganha o traquejo para outras batalhas. O SC Braga solidificou esse estatuto “europeu”, como o Boavista já teve, mas é crucial que esta classe média se imponha e, além do Vitória, possam surgir outros clubes históricos do futebol português com pujança para fazer frente aos considerados da elite. Essa pujança dará frutos – pontos – ao futebol luso na Europa e obriga, internamente, os maiores a serem cada vez melhores e, com isso, poderem também eles terem outra competitividade externa.

Esta Liga Conferência já permitiu à AS Roma vencer um título europeu após a Taça das Cidades com Feira, em 1961, ao West Ham voltar a ganhar na UEFA após uma Taça das Taças e uma Intertoto e ao Olympiacos, crónico campeão grego, fazer a estreia em troféus internacionais. Nesta competição, e só nesta, os clubes portugueses podem sonhar de novo com o topo no velho continente.

Esta época o sonho é a preto e branco.

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