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30 ANOS

Pedro Carvalho
Opinião \ sexta-feira, maio 26, 2023
© Direitos reservados
Como já diziam os nossos avós “quem não deve, não teme”. O Conselho Vitoriano (CV) foi o único órgão social que procurou que António Miguel Cardoso desse informação aos sócios.

Trinta anos (30). António Miguel Cardoso assinou, em nome do Vitória Sport Clube,  um acordo parassocial com a V Sports SCS, por 30 anos. E fê-lo sem dar conhecimento prévio aos sócios e comprometendo as próximas dez (10) Direções. Não só o fez sem nos dar conhecimento, a nós que somos os donos do Clube – ou assim acreditámos –, como também não esclareceu posteriormente os precisos termos daquele acordo e quais as obrigações e compromissos assumidos pelo Clube, e quais as obrigações e compromissos assumidos V Sports SCS. António Miguel Cardoso omitiu tudo, não esclareceu, e quando confrontado, escondeu-se atrás da confidencialidade.

Acontece é que o acordo em causa, que só poucos o viram, só prevê obrigações para nós e nenhuma obrigação para V Sports SCS. A V Sports SCS, que apenas adquiriu, por 7,5 milhões euros (5,5 + 2), uma posição minoritária na Vitória Sport Clube – Futebol SAD, impôs-nos um acordo que lhe atribui poderes condizentes com uma posição maioritária. E fê-lo sem assumir qualquer compromisso de investimento e sem assegurar, preto no branco, quaisquer contrapartidas financeiras. E neste circunstancialismo logrou impor, num documento de 76 páginas, o seu controle sobre a SAD e assegurar que, durante os próximos 30 anos, esta última terá a disponibilidade do Estádio D. Afonso Henriques, da Academia Vitória SC, e de todas as marcas do universo Vitória. Creio que todos, mesmo os mais iletrados em questões jurídicas e aqueles que só se preocupam se a bola entra ou não, percebem o que está “em jogo” e o perigo que existe caso o “casamento” não se venha a revelar feliz e termine de forma litigiosa, não alcançando pelo menos, em harmonia, as bodas de prata.

António Miguel Cardoso decidiu sozinho, não ouviu os sócios e, pior, escondeu esse acordo destes últimos. Como já diziam os nossos avós “quem não deve, não teme”. O Conselho Vitoriano (CV) foi o único órgão social que procurou que António Miguel Cardoso desse informação aos sócios, que desse a conhecer a existência desse acordo, e que esclarecesse os termos e condições impostas pela V Sports SCS. Foi o único que quis saber a razão de não serem previstas, no acordo parassocial, as contrapartidas para o Vitória SC. O Conselho Vitoriano foi totalmente ignorado, desprezado mesmo, por António Miguel Cardoso, com o beneplácito dos demais órgãos sociais, que se quedaram no mutismo.

Há um silêncio cúmplice à volta deste acordo parassocial e à volta desta venda. Em surdina, alguns membros dos órgãos socais revelam ser contrários a este acordo, nos moldes em que o mesmo foi feito e com total ausência de garantias de investimento. Contudo, invocam a inevitabilidade do negócio e a solidariedade institucional para não se manifestarem. Porém, esquecem-se que a solidariedade institucional que devem respeitar é ao Vitória Sport Clube e aos seus sócios, e que a única inevitabilidade na vida é a morte. Para além de cúmplice é um silêncio tático. Se tudo correr bem – o que todos esperamos e desejamos – então estiveram do lado certo, dos que acreditaram e confiaram cegamente no António Miguel e no parceiro.  Se correr mal, poderão dizer sempre que foram enganados e que pouco ou nada sabiam ou podiam fazer.    

 António Miguel Cardoso por não ter soluções financeiras, nem almofadas, correu para o colo do parceiro, aceitando tudo que aquele propôs, pedindo apenas que recebesse antecipadamente e por conta. Não importava se as suas decisões comprometiam o futuro, o que sempre jurou não fazer. O que importava era o agora, e o assegurar que o seu mandato não terminava precocemente, uma vez que não tinha as referidas soluções. Agora, em consequência, será apenas o “motorista” do nosso carro (SAD), como metaforicamente foi designado na assembleia geral extraordinária de 19 de maio de 2023. Essa será a herança que deixará aos futuros presidentes da Direção, durante pelo menos 30 anos. Deus queira – sim, é neste momento um  ato de fé –  que a V Sports SCS faça aquilo que todos desejamos, que invista na SAD e que contribua decisivamente para o crescimento e estabilização do Vitória Sport Clube no panorama nacional e internacional, com o propalado rigor como mote. Aí, o amadorismo, a falta de capacidade negocial e a falta de transparência preconizada por António Miguel Cardoso será perdoada e esquecida. Aí, as votações, ao estilo estalinista, nas assembleias gerais extraordinárias de 3 de março e 19 de maio, não serão recordadas. Aliás, face ao nosso apuramento para a Liga Conferência, e face à nossa presente classificação (5º), uma maioria substancial dos sócios já nada quer saber, ficando apenas à espera dos sonhados milhões do senhor  Nassef Sawiris, o qual não se dignou sequer a aparecer na assembleia geral extraordinária da SAD, onde foi eleito como administrador. Pediu ao seu representante para estar presente, o qual não foi capaz, ou não quis, revelar qual era a visão da V Sports para o Vitória Sport Clube – Futebol SAD, e qual o papel que aquela sociedade vai desempenhar de facto.

Vamos ter fé!

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