1 de Maio - Dia do Trabalhador
É hoje dia 1 de maio, feriado, “dia do trabalhador”, data em que se assina o “Dia Internacional dos Trabalhadores” e comemora centenários movimentos trabalhistas reivindicativos por melhorias nas condições de trabalho.
Achei, por isso, que este dia é bem o dia das ciclistas! Elas travam uma longa luta por equidade através de melhores condições para a prática da modalidade.
É evidente que a participação das mulheres tem ganho cada vez mais visibilidade, com os números crescentes de femininas inscritas em eventos que, por sua vez, têm cada vez mais edições de provas para elas.
Mas como hoje é “dia do trabalhador”, o mote é tratar do ciclismo feminino enquanto atividade profissional e assalariada. Pois então não há grandes motivos de celebração entre o pelotão e os aficionados lusos, mas sirva a data para continuar com os movimentos reivindicativos! Isto porque a realidade portuguesa é composta por equipas de clube que se federam e às suas atletas sem obrigatoriedades.
Pela parte da UCI (União Ciclista Internacional), a nível de diretivas, formações e orientações, têm sido dados passos para melhorar as condições das atletas, salvaguardando-as com direitos e atribuindo deveres aos demais agentes.
Há em Portugal um longo caminho a percorrer e, à data, estas equipas de clube canalizam as verbas e orçamentos para pagar a licença desportiva das atletas, despesas de deslocação, alojamento e vestuário de prova e pouco mais – distinguindo-se os clubes capazes de inscrever as equipas em provas internacionais e de realizar estágios.
Esta realidade contrasta com a realidade internacional. Aqui ao lado, em Espanha, as condições são já outras e, desta forma, não é de estranhar que talentos lusos emigrem para terras de nuestros hermanos!
A partir da temporada de 2020, e pela primeira vez no ciclismo feminino, foi introduzido pela UCI, ao nível WorldTeam, um valor de salário mínimo de referência, com o objetivo de, na presente época (2023), o valor mínimo ter de ser igual ao dos atletas masculinos que competem nas equipas profissionais continentais, acrescendo outros requisitos laborais legais como o pagamento de dias de férias, subsídio de doença, subsídio de maternidade e a colocação de limite de dias de corrida.
Quando terá Portugal capacidade para (pelo menos) uma equipa assim?
A realidade do ciclismo feminino em Portugal está muito longe dos níveis mencionados! Como referi, as equipas portuguesas são na sua totalidade amadoras e em várias equipas, entenda-se, a competição feminina funciona muito numa lógica de mistura de competição de estrada, com XCM e XCO; não havendo um foco a 100% na competição de estrada justificado, em parte, pelo reduzido calendário de provas em Portugal, acresce que as nossas ciclistas têm os estudos ou a profissão como atividades principais para além do ciclismo.
As épocas passam e eu quero acreditar que o dia da profissionalização no ciclismo dentro de fronteiras há de chegar… (Mas talvez tenha de esperar mais uma década e a minha carreira como ciclista elite talvez não venha a testemunhar estes sinais das mudanças dos tempos para a emancipação).