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À 13.ª edição, GUIdance é um atlas da humanidade e suas transformações

Redação
Cultura \ quinta-feira, dezembro 07, 2023
© Direitos reservados
A linguagem universal da dança contemporânea espera criar pontes de Guimarães a Taiwan, com as culturas angolana e moçambicana a sobressaírem num festival que se realiza de 01 a 10 de fevereiro.

O GUIdance de 2023 quis abraçar a diferença e cultivar a relação através de um cartaz que apresentava espetáculos com corpos diferentes do que é norma e que olhava a relação entre homem e natureza. A edição de 2024 do festival de dança contemporânea aprofunda possíveis cruzamentos de humanidade e estende-os mundo fora.

A 13.ª edição começa a 01 de fevereiro, com Bantu, obra do coreógrafo vimaranense Victor Hugo Pontes com um elenco de bailarinos portugueses e moçambicanos e uma proposta de criação de pontes entre o país europeu, do Atlântico, e o país africano, do Índico, entrelaçados pela história, e encerra num ponto do globo hoje considerado sensível. Taiwan.

Em 10 de fevereiro, a Tjimur Dance Theatre, primeira companhia de dança profissional naquele território asiático, fundada em 2006, por Ljuzem Madiljin, e focada no povo nativo Paiwan, sobe ao palco do Grande Auditório Francisca Abreu, no Centro Cultural Vila Flor (CCVF), para apresentar bulabulay mun?, uma obra que reconstitui a designada expedição japonesa para punição do povo Paiwan, em 1874, na sequência do Incidente Mudan, de 1871, em que 54 marinheiros das ilhas Ryukyu - hoje, território japonês - naufragaram em Taiwan e vagueavam pela ilha antes de serem mortos. Nessa obra, os intérpretes caminham como soldados que marcham para a guerra, aos ritmos de baladas antigas, saudando os espíritos antigos, as pessoas da tribo Mudan e até mesmo o povo japonês, num sentimento de unidade e união, lê-se na nota de imprensa da cooperativa A Oficina, responsável pela organização do festival.

 

Pensar o mundo na relação com Moçambique e Angola

Esse espetáculo é uma das três estreias nacionais previstas para o festival, a par de UniVerse: A Dark Crystal Odyssey, do coreógrafo britânico Wayne McGregor, de regresso ao GUIdance após apresentar Autobiografia em 2018, marcada para 03 de fevereiro, e de Beings, proposta da companhia taiwanesa Shimmering Production para 09 de fevereiro.

Pelo meio, sobressaem as influências africanas. Depois de Bantu, a obra Time and Space: The Marrabenta Solos deambula pela música marrabenta, uma fusão de inspirações europeia e africana, com o solo do corpo de Panaibra Gabriel Canda e o da guitarra de Jorge Domingos. No dia 03, Boca Fala Tropa de Gio Lourenço, criador e performer nascido em Angola e com vivência em Portugal, viaja pelas memórias dos movimentos de kuduro da década de 90 numa Luanda ensombrada pela guerra civil, enquanto .G rito, da criadora e intérprete Piny, nascida em Lisboa e com ascendência portuguesa e angolana, parte da ancestralidade de corpos com múltiplas dimensões – “corpos trabalho, corpos violentos, corpos poéticos, corpos prazer, corpos não conformados e não formatados”.

As restantes propostas cabem na black box do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG): O que é um problema, de Beatriz Valentim, no âmbito da Educação e Mediação Cultural, no dia 04, Atlas da Boca, de Gaya de Medeiros, no dia 08, em espetáculo com selo Aerowaves que assinala o regresso ao GUIdance após ter estreado a edição de 2023 com BAqUE, e Anda, Diana, de Diana Niepce.

"Ao chegar às 13 edições, o GUIdance vai procurar exercitar uma vivência tão larga quanto possível, respirada pelo ar dos tempos que atravessamos. O colosso do corpo emancipado pela potência artística, cultural e espiritual enquanto canal de processamento das transformações civilizacionais em curso. Que é como quem diz, devolver-lhe o lugar de presença e incentivar a renovação do seu lugar de existência, através da diferença humana, grandiosa e radiante, tal como a desejamos.", assume Rui Torrinha, diretor artítico d’A Oficina para as artes performativas, citado pela nota de imprensa.

Os bilhetes para cada espetáculo custam entre dois e 10 euros, havendo também uma assinatura geral para acesso a todo o programa da 13.ª edição do GUIdance.

 

GUIdance 2024 - Programa

Quinta 1 fevereiro, 21h30 
CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu 
Bantu 
Victor Hugo Pontes 

Sexta 2 fevereiro, 21h30 
Teatro Jordão / Auditório 
Time and Space: The Marrabenta Solos
Panaibra Gabriel Canda 

Sábado 3 fevereiro, 18h00 
CIAJG / Black Box 
Boca Fala Tropa 
Gio Lourenço  

Sábado 3 fevereiro, 21h30 
CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu 
UniVerse: A Dark Crystal Odyssey  
Wayne McGregor 
ESTREIA NACIONAL 

Domingo 4 fevereiro, 15h00 
CIAJG / Black Box 
O que é um problema 
Beatriz Valentim 
EDUCAÇÃO E MEDIAÇÃO CULTURAL 

Quarta 7 fevereiro, 21h30 
CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu 
.G rito 
Piny 

Quinta 8 fevereiro, 21h30 
CIAJG / Black Box 
Atlas da Boca  
Gaya de Medeiros 

Sexta 9 fevereiro, 21h30 
Teatro Jordão / Auditório 
Beings 
Shimmering Production  
ESTREIA NACIONAL 

Sábado 10 fevereiro, 18h00 
CIAJG / Black Box 
Anda, Diana 
Diana Niepce 

Sábado 10 fevereiro, 21h30 
CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu 
bulabulay mun?  
Tjimur Dance Theatre  
ESTREIA NACIONAL 

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