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Westway Lab: o festival da cocriação espalha-se de novo pela cidade

Tiago Mendes Dias
Cultura \ quinta-feira, março 10, 2022
© Direitos reservados
Das imediações do Paço dos Duques à Ramada, as showcases com músicos emergentes de Portugal, Noruega, Polónia serão de novo urbanas entre 06 e 09 de abril. Principais concertos com cunho nacional.

Associações, museus, bares e até restaurantes alinharam-se para transformar as mostras de talento de toda a Europa num comboio de artistas e de espetadores que serpenteia pelo granito de Guimarães, à espreita da meia hora de música que se segue. Interrompida nos últimos dois anos pela pandemia, esse fluxo “cultural mas também turístico e económico está, em princípio, de regresso em 2022, entre 06 e 09 de abril, realça o diretor executivo da Oficina, Ricardo Teixeira Freitas.

Na nona edição do Westway Lab, esse mosaico que entrelaça a harpa de Angélica Salvi, a ouvir a partir das 15h00 do último dia, um sábado, e a busca pela compreensão orgânica do mundo dos norugueses Trees Up North, no Ramada 1930, tem como pontos intermédios o restaurante Cor de Tangerina, ao lado do D.Afonso Henriques de Soares dos Reis, o Oub’Lá, na Praça de Santiago, o Convívio e o Centro de Artes e Espetáculos São Mamede.

Esse é o intervalo em que o festival se projeta para lá dos espaços da Oficina, a entidade que organiza o festival. De resto, as atuações de maior cartaz concentram-se no Centro Cultural Vila Flor. A maioria expressa-se em português, desde a criação de Bruno Pernadas, numa residência ao abrigo do Caleidoscópio – projeto de cooperação cultural que envolve ainda Braga, Barcelos e Fafe -, a 06 de abril, a Sensible Soccers e Rui Reininho, na sexta-feira, e à concentração de performances de sábado: Noiserv, Valter Lobo, Surma e Fred (ex-Orelha Negra).

Pelo meio, este festival ligado à antiga rede ETEP – agora denominada ESNS Exchange, em referência ao Eurosonic Noorderslag, festival de promoção de jovens músicos europeus que decorre anualmente em Groningen (Países Baixos) – apresenta nomes de outras latitudes: Maika Makovski (Macedónia), Taqbir (Marrocos), Misia Furtak, com a sua música de intervenção polaca, e ainda o Duo Ruut, da Estónia.

O dia inaugural contempla a apresentação do European Ghosts, projeto “financiado pela União Europeia”, que visa “a renovação da música tradicional, nos instrumentos de cordas” que inclui músicos portugueses e testemunha “as relações criadas entre artistas de vários pontos da Europa”, salienta o diretor artístico do Westway Lab, Rui Torrinha.

O responsável saudou o regresso do festival ao espaço urbano após dois anos limitado ao formato online, ainda assim importante para os artistas se mostrarem e “verem o seu trabalho pago”. Rui Torrinha disse ainda ver um “regresso às origens” na nona edição, face às cocriações que se desenham com recurso ao Centro de Criação de Candoso. A seu ver, as residências têm contribuído para a própria internacionalização de músicos vimaranenses. “Isto tem criado empatias e relações. Músicos vimaranenses já as frequentaram e, a partir das relações que criaram, já foram tocar a outros pontos da Europa”, vincou.

O vereador municipal para a Cultura, Paulo Lopes Silva, corroborou as ideias de que “os artistas vimaranenses circularam lá por fora, a partir das oportunidades criadas pelo festival” e de que as showcases são uma oportunidade para a cidade se mostrar. “É um festival que não fica no CCVF. Alastra-se a toda a cidade e permite criar uma rede de espaços que, por iniciativa própria, tem programação regular por gestão da casa. além de bar, é sala de espetáculos. Estes espaços já têm concertos e, através do Convívio, podemos lá chegar”, acrescentou.

Entre todos os eventos do festival, só os concertos de sexta-feira e de sábado no Centro Cultural Vila Flor requerem entradas pagas: o bilhete diário custa 15 euros e o passe geral 25, com desconto para os portadores do cartão Quadrilátero Cultural, esclareceu Ricardo Teixeira Freitas.

 

Música de intervenção, sincronização áudio e vídeo e papel das editoras nas conferências

A outra aposta do Westway Lab em quase uma década de história têm sido as conferências PRO; tencionam discutir o presente e o futuro da indústria da música, com artistas, editoras, produtores musicais.

O responsável por essa componente do programa, Nuno Saraiva, adiantou, por videoconferência, que José Cid vai ser o principal interveniente nacional, cabendo a principal sessão internacional a Brian Lederman, da Curve Music, editora independente do Canadá.

O papel das editoras, o pilar da indústria musical mais despercebido em Portugal, a história da música de intervenção, o trabalho dos sincronizadores de música – cinema, séries, videojogos e publicidade – e o debate de programas de apoio à criação como o iPortugal e o Europa Criativa são alguns dos temas que vão sobressair nas conferências, esclareceu Nuno Saraiva.

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